terça-feira, 16 de novembro de 2010

NOSSO MAIOR INIMIGO! VENCIDO!


Em minha Biblioteca, têm destaque as obras de ficção, abordando de forma criativa assuntos sérios, e dentre estes, “O Grande abismo”, de C.S. Lewis, “Na terra como no céu, uma visão da outra vida”, de Scott Peck, e, acabo de ler, “Intermitências da Morte”, de José Saramago. Neste último a morte, personalizada, dá uma trégua por um tempo, em um País imaginário, quando então é abordado com uma fina ironia, os “problemas” decorrentes, para os familiares atingidos, e para a sociedade em geral.
Destaco também títulos que fizeram sucesso como “Sobre a Morte e o Morrer”, “A Roda da vida”, e “Os Segredos da vida”, com abordagens psicanalíticas de autoria de Elizabeth Kubler Ross, “Dançando com a morte”, de Bert Keizer, “A negação da morte”, de Ernest Becker, etc.
É um assunto que em geral cala, quando não, afasta as pessoas, basicamente, por medo... de suas implicações graves, pessoais, e intransferíveis, não obstante ser uma das poucas certezas que temos, em meio a tanta relatividade.
Mas, basta conviver com um Pastor ou um Padre, para saber que é uma questão cotidiana, com o qual têm que lidar. Não sendo nem um, nem outro, mas considerando o status de idoso, não posso deixar de lembrar de suas evidências, na forma de quantos conhecidos, já não podemos rever, definitivamente. E, a compreensão, de que esta é uma barreira inevitável, assim como a “pedra” que o poeta vislumbrou no meio de seu caminho. Só que esta é intransponível!
Para um cristão, fica a esperança de um desdobramento, de uma nova vida, mais verdadeira, da qual, a atual, é apenas um estágio por assim dizer probatório. E, nesse ínterim, vamos nos confortando, com belos testemunhos de vidas bem vividas. E, mesmo, daquelas quase não vividas, ceifadas em seus primeiros momentos, das quais, na impossibilidade, dão melhor testemunho, os genitores, como aquele avô, que ao chorar a morte prematura de seu neto, pela fé, proclama, que o mesmo, doravante, “conhecerá as maravilhas de Deus, sendo a maior delas o próprio Deus, a quem aprenderá a chamar de Pai. Aprenderá a história de Jesus ouvindo-a do próprio Jesus. Brincará nos jardins celestiais e explorará cada canto e recanto do paraíso, habilitando-se como cicerone do céu para aguardar a sua chegada”.
A conclusão e a lição que remanesce, é a singularidade, e gravidade da vida, da qual o maior inimigo, certamente, é a morte, e, a boa notícia – Evangelho – é de que esta já foi vencida, na bela História da Ressurreição de Jesus Cristo, vitória esta que agora também nos pertence, é nossa herança.

terça-feira, 9 de novembro de 2010

VIDA DE LEITOR COMPULSIVO


Confesso que sou viciado em leitura, desde bem jovem; como alguns, talvez como mecanismo de compensação, resultado de uma timidez excessiva; tudo bem, nesta altura, o que interessa são os resultados positivos, em detrimento dos negativos. Na condição de adicto de leituras, das quais basicamente me alimento, e, eventualmente, sou acometido de mal-humor, quando aumenta a falta de um bom livro para ler, lembro mesmo dos tempos idos de internato, quando usava a pouca mesada familiar, para comprar caixas de livros, daqueles que se desfaziam dos mesmos.
Neste ínterim guardo na memória como destaques:
O primeiro título mais desafiador que me impactou foi “O MEIO DIVINO”, de Teilhard de Chardin, com sua ênfase na valorização de todas nossas atividades e passividades (aquilo que sofremos).
Seguiu-se a obra de Herman Hesse com destaque para “SIDARTA”, “O LOBO DAS ESTEPES”, “O JOGO DAS CONTAS DE VIDRO”. Albert Camus (“A PESTE”, “A QUEDA”, “O ESTRANGEIRO”) com os conceitos vivenciais do Existencialismo. De Kafka (“CASTELO”, “METAMORFOSE”), o estranhamento da vida.
Dando um salto de muitos anos, encontro-me lendo tudo que diz respeito a Sócrates para quem “Uma vida que não é continuamente examinada é indigna de ser vivida”; e Só sei que nada sei”.
Entre os filósofos/teólogos, destaco Kierkegaard (“TEMOR E TREMOR”) que ilustra, com o caso de Abraão e Isaque, a complexa vivência da fé; C.S. Lewis (“CRISTIANISMO SIMPLES”) e a singularidade da dimensão moral do homem; Dietrich Bonhoeffer (“VIDA EM COMUNHÃO”, “DISCIPULADO”) e a responsabilidade social; a denúncia da “graça barata”; a vivência em coletividade, com acento no primeiro serviço de escutar, atentamente, uns aos outros.
Com viés psicológico, deslumbrei-me com Viktor Frankl (LOGOTERAPIA) enfatizando a sede humana de sentido da vida. O ser humano é essencialmente (ou pelo menos originariamente se move) motivado por uma vontade de sentido. De Jung guardei seu modelo de mapa da alma, tendo como destaque a idéia de inconsciente coletivo.
Do pensamento místico, ressalto os insights e as visões de Santa Tereza de Ávila (MORADAS); do rabino Joshua Heschel (“O HOMEM A PROCURA DE DEUS”, “DEUS A PROCURA DO HOMEM”, “THE PROPHETS”) sua abordagem da dimensão mística do homem, do senso da admiração, do sentido do inefável, da percepção do sublime, do significado da reverência e do sentido do mistério.
Correntemente estou imerso em conhecer tudo que se relaciona com o filosofo,cientista e inventor, Blaise Pascal (1623- 1662). “Em Física, estudou a mecânica dos fluidos, e esclareceu os conceitos de pressão e vácuo; realizou experiências sobre sons ; esclareceu os princípios barométricos da prensa hidráulica e da transmissibilidade de pressões. Na matemática Pascal contribuiu decisivamente para os ramos da Geometria Projetiva, Probabilidades, e Calculo Infinitesimal. Criou em 1642 a primeira calculadora mecânica que se conhece”. Estas credenciais de cientista renomado, acentuam e valorizam, sua vivência cristã. De sua obra “Os pensamentos” (cerca de 1.000 apontamentos em que faz a defesa do cristianismo) destacamos: “ O ser humano é marcado pela “contrariedade”, é um ser em perpétua contradição consigo mesmo; sua principal contradição é ser grande e miserável ao mesmo tempo. Nós conhecemos a verdade não somente pela razão, mas também pelo coração; O coração tem suas razões, que a própria razão desconhece". Pascal teve uma experiência marcante de conversão gravada como Memorial, que costurou em seu casaco, até o dia da sua morte. Considerado na linha de pensamento de Santo Agostinho (“CONFISSÕES”), sua obra influenciou Wesley fundador da Igreja Metodista.Tinha uma saúde frágil, e adoeceu gravemente em 1659 – ocasião em que redigiu uma vívida oração pedindo a Deus que use a enfermidade em sua vida de maneira apropriada - morrendo com apenas 39 anos. Tornou-se célebre seu argumento da aposta: depois de ponderar “que a impossibilidade de conhecermos a natureza de Deus, não implica a conclusão da sua inexistência, pondera ser igual o número de probabilidades a favor e contra a hipótese da existência de Deus. Fica assim aberta, para o homem, a mais importante das apostas; e assim como todo o jogador arrisca o certo para ganhar o incerto, também o homem arriscará um infinito certo para ganhar incertamente o infinito, sem pecar contra a razão. Quer dizer: agora é a própria razão, atida às regras lógicas do cálculo de probabilidades, que obriga a apostar na existência de Deus”.
Concluo com uma menção especial para releituras permanentes da BIBLIA, que é a minha meta e meu sonho ainda por realizar, plenamente, com o sabor de Palavra Viva de Deus, sob a iluminação do Espirito Santo, que também nos é dirigida ainda hoje.

terça-feira, 2 de novembro de 2010

O RIO DE JANEIRO CONTINUA LINDO!



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Um lugar comum, para todos que se deleitam com suas belezas naturais, convidativo para caminhadas diárias pela orla de Ipanema e Copacabana, pelo Jardim Botânico, pista Claudio Coutinho, travessia das barcas Rio-Niterói,etc. Mas também, a cada oportunidade em que o desfruto, mais me dou conta, pela abundância de suas expressões artísticas. Contextualizando, nestes últimos dez dias em que voltei ao Rio, a passeio, imergi, por assim dizer, nas ofertas de atividades culturais; quase um espetáculo a cada dia... de “DON QUIXOTE”, no Teatro Municipal, já de per si, um ambiente encantador, e os cenários exuberantes, para uma apresentação soberba, de um corpo de baile iluminado; um show da sambista MARIANA BALTAR, que tenho a honra de conhecer; e, outro da musa LEILA PINHEIRO, emocionante!; um espetáculo de base circense, DNA; mais duas peças de Teatro; quer mais? Cinemas mais exclusivos em Botafogo, complementado com aluguel de fitas, seletivas para os amantes da sétima arte, no Estação Botafogo. Volto reabastecido, e ponderando em todas estas expressões artísticas, o destaque da linguagem do artista, que cativa, em sua capacidade de emocionar, uma verdadeira linguagem do coração. Quão diferente da linguagem vulgar, repetitiva, massificada! Para não falar da linguagem manipuladora da publicidade, e de celebridades e políticos demagogos. A linguagem pela qual o artista se apresenta é mesmo mágica, e, filosofo, que faz falta, pela sua exiguidade, no dia a dia. O artista, até por vocação, se doa a cada espetáculo, e nós retribuímos, através dos aplausos, para afirmar que esta é a linguagem que gostamos, corroborando que, afinal, a vida é (ou deveria ser) isso aí, bela como a emoção que o artista nos passa.

sexta-feira, 27 de agosto de 2010

"IN MEMORIA"



Um dos sinais graves da terceira idade, é constatar que, significativa parte daqueles com quem já convivemos, “já passaram à eternidade”. Destes, guardamos porém, uma particular, profunda, reverente, e multiforme saudade. São lembranças que mantêm o passado vivo, presente, pois fizeram parte da nossa vida, e deixaram marcas indeléveis, a começar pelos nossos Pais, e incluindo parentes e amigos, colegas, e os quase-anônimos, que, não obstante, nos impactaram positivamente. Lembrar cada um, é um privilégio imenso, e um presente bem guardado no nosso banco de dados pessoal, nosso subconsciente. Vez por outra trazemos à memória, uma fisionomia, uma situação, uma palavra, uma expressão, sempre acompanhado da nostalgia de tempos que não voltam mais. Verificamos assim, que, à medida que o tempo passa, mais são “os que já não estão entre nós”, e com isso cresce a saudade e o anseio de relembrar, junto com nosso preito de gratidão, e de homenagear , na intimidade do nosso ser, a dádiva de suas vidas. Recordações que nos fazem mais humildes perante a vida, e desejosos de nova oportunidade de convivência, o que, por enquanto, só a fé pode respaldar.
No meio destas reminiscências, registramos que, da nossa turma da Faculdade, apesar de que foram apenas cinco anos de convivência diária, sua marca indelével, se propaga até hoje, e com pesar vejo a cada ano a inclusão de mais sinais de ausências, na relação que circula daquela turma tão especial; do trabalho foram muitos companheiros leais e partícipes da nossa produção, dita econômica; da família, incluem-se em maior número aqueles que chegaram ao fim de uma vida longeva, e a quem recorríamos, com alegria, por “saberem de tudo”, na condição de avós e tios, todos mui queridos; da Igreja, novos e idosos, irmãos que deixaram exemplos de vidas virtuosas e piedosas; da infância e da vizinhança são recordações despretenciosas, e até bobas, mas nem por isso menos relevantes, porque únicas. “ Cada uma dessas relações, cada uma dessas amizades, é mais do que um caso inesquecível, um tesouro inestimável, pois todos nos moldaram, fizeram-nos, formaram-nos de um modo particular, marcaram-nos para sempre e por isso fazem parte da nossa eternidade”. A todos, e a cada um em particular, somos devedores, de uma dívida impagável, pela montanha de benefícios que nos proporcionaram, e hoje, suas recordações formam grande parte de nosso patrimônio maior. Muito obrigado é muito pouco, mas simboliza a falta de palavras que traduzam sua importância como estrelas que continuam brilhando em nosso jornadear de vida.

quarta-feira, 25 de agosto de 2010

NOSSAS OCUPAÇÕES E PREOCUPAÇÕES



“ Demasiados afazeres, demasiadas responsabilidades, demasiadas oportunidades, demasiados detalhes importantes para cuidar”, caracterizam grande parte da ocupação da maioria das pessoas na atualidade.
Até passamos a nos identificar por nossas ocupações, assim, por exemplo, nos apresentamos como engenheiros,... trabalhando na.... Ainda mais, síndrome da urgência, em nossas ocupações na atualidade, estamos sempre correndo, sempre com muita pressa.
Também o “medo de ficar sozinhos nos impulsiona para o barulho e para as multidões”, com a atenção fortemente dirigida pelos meios de comunicação. Estes ainda são uma forma para mantermo-nos sempre com a mente ocupada, no dia a dia.
Não somente ocupados, mas também estamos constantemente preocupados, compulsivamente, sobre o que pode nos acontecer no futuro, especulando com uma infinidade de cenários imaginados. Esses pensamentos e essas imagens, numa procissão infinita, são ladrões do tempo, pois roubam a nossa atenção, e por conseguinte nosso tempo.
Apesar de estarmos muito ocupados e preocupados, quase nunca nos sentimos, satisfeitos, realizados, e em Paz. Um sentimento de insatisfação permanece sob a superfície das nossas vidas ocupadas, e dentre estes, o enfado,o ressentimento e, não raro, a depressão.
O que nos faz falta? Certamente, de alguma ocupação que nos traga a sensação de realização, de um tempo bem aproveitado, tempo significativo - em oposição à mesmice, ao tempo desperdiçado - quando sentimos conscientemente que estamos vivenciando algo de valor permanente, que nos satisfaz, e nos preenche (de significado), e nos realiza; tem a ver com algum sentido da vida, conforme acentuado por Viktor Frankl, criador da Logoterapia, que é exatamente uma terapia centrada em encontrar sentido para o que fazemos; assim como, criar um filho, plantar uma árvore e escrever um livro, segundo o dito popular.
Jesus critica esta condição, de estarmos cheios, porém não realizados, muito atarefados porém desligados, em todo lugar, porém nunca em casa, e chama-nos a atenção: “não vos preocupeis... buscai, pois em primeiro lugar, o Reino de Deus”. Isto não é uma fuga da realidade, mas antes uma forma sui-gêneris de nos ocupar dia a dia. E o que significa este chamado? Significa, parafraseando uma expressão empregada pela Ciência, que somos convidados a “ver as coisas dos ombros de Deus”, da perspectiva de Deus. Só assim, podemos ter uma visão correta, mais abrangente, daquilo que pode melhor nos ocupar o tempo com real valor, ensejando uma sensação de plenitude, de realização, de Paz! Além disso, cansa menos (somos carregados), temos uma visão mais ampla (em seus ombros), e nos encanta a cada minuto (um tempo significativo). Porque não tentar? afinal a barreira do pré-conceito (idéias errôneas do Reino de Deus), pode ser ultrapassada!
(extraido e adaptado de "CRIAR UM ESPAÇO PARA DEUS", por Henri Nouwen)

quarta-feira, 14 de julho de 2010

Eu sou da minha amada, e ela é minha



Regina, minha amada esposa . Hoje no seu aniversário quero repetir meus votos de te amar e zelar por ti, a cada dia, a cada momento de minha vida. De um inicio já distante com trocas de juras de amor eterno, logo passamos às delicias de uma vida conjugal abundante, coroada com o nascimento dos filhos, e agora já na fase bem-aventurada de avós. E o amor continua a alimentar uma vida conjugal harmoniosa e extensa, graças a Deus, a ponto de poder hoje parafrasear o sábio, para reafirmar-lhe que “Amo-te hoje mais do que ontem, e menos do que amanhã”.

quarta-feira, 7 de julho de 2010

MEU TIO


Recebi a noticia do falecimento de Tio Mitre. Era o caçula de uma grande família de muitos filhos, dos quais, já lhe antecederam neste caminho, Wanda (minha saudosa mãe), e os tios Washington,Cleide, Aquiles e Odete. É sempre um motivo de tristeza, e também uma oportunidade de parar para meditar na gravidade e brevidade da vida... sem palavras, e sem as limitações da razão, só com a profundeza dos afetos do coração. Do Tio, fica também a memória de tempos alegres e divertidos, vendo-o em meio a uma batucada, na companhia de amigos, festejando de forma bem mais provinciana o carnaval. Lembro ainda do orgulho pelos seus projetos como arquiteto da Prefeitura do Recife, compenetrado da missão em que se via investido, de tratar com competência e seriedade os planos de urbanização da velha cidade. Finalmente, de sua luta privada por assegurar uma vida digna à família, no que foi um vencedor; certamente que uma vitória discreta, sem o “glamour” dos holofotes, sempre apontados para as celebridades com seu brilho fugaz, e de maneira equivocada. De uma forma geral, todos sabemos, mais ou menos, o que é morrer, mas não o que é um parente próximo morrer, muito menos podemos especular sobre nossa “hora”. O sábio Miguel de Unamuno proclamava que “saber-nos mortais como espécie e não querer morrer como pessoas é justamente o que individualiza cada um de nós”. É justamente esta individualidade do Tio que fica preservada, nunca antes, nem depois teve um igual! E, como cristão remanesce a consolação na esperança da vida eterna, quando finalmente poder-se-á contemplar a maravilhosa história, sem fim, da vida humana, em que cada um, foi concebido de forma singular, com muito Amor! Com saudades

sexta-feira, 25 de junho de 2010

SEM FAZER NADA...!


Com status de aposentado, há cerca de um ano, tenho porém uma vida muito cheia e ocupada desde então, e eventualmente me perguntam "o que estou fazendo?" E a resposta sincera é "nada..." Neste “nada” passo, um bom tempo absorvido com as rotinas do dia a dia, realizadas de forma quase automáticas, que incluem as provisões domésticas, exercícios físicos diários, e lazer variado; outro tempo consumido na comunicação, com destaque para as relações familiares, e no circulo mais amplo das amizades, com a intermediação cada vez mais presente da internet; e, um tempo dedicada a boas leituras e estudos voluntários, ocasionalmente compartilhados em círculos afins de Igreja, etc. Além destas atividades, merece destaque, um novo tempo, para ficar sem fazer nada; são momentos de quietude e solidão, sem qualquer ação, enquanto necessidade de fazer alguma coisa, e sem mesmo ter que decidir fazer alguma coisa. Não é contudo um “pit stop”, carregado de tensão e ansiedade, na preparação para fazer alguma coisa em seguida; tampouco uma hora de buscar deliberada auto-conscientização. Mas antes, é uma entrega prazerosa, sem qualquer esforço físico ou mental, numa espécie de momento “zen”, se isto significa absoluta inatividade e mesmo ausência de desejo de realizar qualquer atividade.Possivelmente todos estes tempos sejam tachados de “improdutivos” para todos os fins práticos ; de acumulação de riqueza nem se fala! Numa caracterização limitada é um tempo para receber, escutar, sentir, tudo sem nada fazer, sem processamento interior. É deixar-se levar, como na metáfora de “Fernão Capelo Gaivota”! Assim ficam silenciadas todas as vozes que pressionam a alma, tornando-a inquieta, em sua ânsia controladora/protetora; uma parada necessária em meio a tanto afazer? eis uma questão! Fica a dúvida se este não é também um estado de receptividade adequado, na ausência de quaisquer constrangimentos, para ouvir sem ruído a voz de Deus?

quarta-feira, 16 de junho de 2010

ANIVERSÁRIO, UMA BREVE HISTÓRIA


Alguns dos títulos de grande sucesso nas livrarias, na atualidade, são “Breves histórias de ...”, em que são abreviados e sumarizados acontecimentos marcantes ao longo de algum período histórico. Com maior sucesso, na vida de cada pai, avô, bisavô, está a “grande história” de um filho, neto, bisneto. História singular, ainda que igualzinha do ponto de vista de quem vê de fora, comum, mas não repetitiva: começa com o primeiro e marcante choro – no que é acompanhado pelos mais velhos emocionados - seguido de muitos outros, alternados com sorrisos cativantes, matreiros! E assim, sucedem-se as comemorações dos aniversários, e com elas, as festas e os presentes, pálidas lembranças do presente maior de uma vida que se desenvolve. Nesta comemoração da vida, as razões perdem espaço para a admiração, sem palavras, só alegria! Remanesce a gratidão a Deus , e a renovação do pedido de proteção pelo novo ano de vida. E, novamente nosso choro, doravante solitário, expressão de inaudita alegria, de mais um vô e pai amoroso, nos aniversários, hoje de uma neta, e amanhã de uma filha, bênçãos de Deus! e para sempre muito amadas. Curitiba, em 16 de junho de 2010.

quinta-feira, 10 de junho de 2010

RELACIONAMENTOS INTERPESSOAIS: ALEGRIAS, CONFLITOS E MÁGOAS


Fortalecer os relacionamentos é positivamente, aumentar uma fonte de alegrias incomparáveis, de satisfação de necessidades fundamentais, como ser querido, bem cuidado e atendido; e, enseja a sociabilidade, que é a propensão para viver junto com os outros, e comunicar-se com eles, torná-los participantes das nossas próprias experiências e desejos, conviver enfim com eles as mesmas visões. Temos mesmo fome por relacionamentos: “é como se nós tivéssemos sido feitos para encontrar nosso propósito e significado não simplesmente em nossas vidas interiores, mas no outro, e nos significados e propósitos compartilhados”.
Mas, juntamente com a alegria, num relacionamento é comum ocorrerem conflitos. Gosto de uma alegoria que compara o conflito com o atrito que existe entre as engrenagens de um motor; há uma solução bem simples para removê-lo: basta que o motor seja desmontado e que cada peça seja guardada separadamente. O conflito estará resolvido, mas o motor já não existirá, nem as suas inúmeras utilidades. Não haverá choques, nem desgastes. Também não haverá movimento nem produção de energia. Temos então uma solução inútil. Assim como um motor não vai funcionar sem atritos das engrenagens, também os conflitos interpessoais não podem ser inteiramente eliminados dos relacionamentos”. O que podemos fazer para reduzir esse atrito é minimizar seus efeitos negativos; como? lubrificando o motor (vide exemplos de lubrificantes ao final). Para um cristão, na Biblia, o óleo é um símbolo do Espírito Santo, e precisamos dessa unção em nossos relacionamentos.
Um produto de um conflito não resolvido, são as mágoas. Fred Luskin, em seu livro, “O poder do perdão”, emprega a metáfora do painel de controle de tráfego aéreo :”Imagine uma tela de radar abarrotada à frente de um controlador de vôo estressado. Visualize o caos e a confusão de aviões na tela. Agora imagine que suas mágoas não resolvidas são os aviões visualizados na tela, voando em círculos há dias e semanas sem fim. A maioria dos outros aviões já pousaram, mas suas mágoas não-resolvidas continuam a ocupar um precioso espaço aéreo, exaurindo os recursos necessários em caso de emergência. A presença dos aviões na tela o obriga a trabalhar com mais intensidade e aumenta as chances de acidente. Os aviões da mágoa se tornam uma fonte de estresse e o resultado é, muitas vezes, um apagão. Como é que os aviões chegaram lá? você assumiu algo em termos muito pessoais; você continuou a culpar a pessoa que o fez sofrer pelo fato de se sentir mal; você criou uma história sobre a mágoa. As mágoas são os aviões que não pousarão. Eles enchem por inteiro sua tela, ocupam sua mente e, em especial, dificultam que você aprecie as coisas da sua vida que são maravilhosas. A perda da beleza em nossas vidas é o dano imprevisto que a mágoa pode acarretar.” Os psicólogos nos ensinam ainda que um conflito mal resolvido poderá deixar marcas indeléveis, que podem se transformar até em enfermidades. Devemos então considerar o conflito como uma coisa natural num relacionamento, pois somos seres dinâmicos, com motivações diferenciadas, vivenciando emoções mutáveis a cada situação, e trazemos no inconsciente experiências muito pessoais para serem uniformizadas. Se não podem ser evitados, os conflitos podem, entretanto, serem administrados.
Retomando a alegoria do atrito em uma engrenagem, alguns lubrificantes disponíveis são as expressões de sabedoria seguintes:
. nós não podemos controlar e mudar outras pessoas; no entanto, podemos modificar a nossa forma de agir em uma situação de conflito;
. em todo conflito cada envolvido tem uma parte de verdade: há uma parte no conflito que eu experimentei que é verdadeira para mim, mas também o outro tem sua perspectiva de como ele experimentou o conflito e ela também é verdadeira para ele, afinal, cada pessoa é um universo particular, e carrega em si um mundo de vivências pessoais intransferíveis.
· nossa disposição para escutar, atenciosamente, a outra parte, reduz substancialmente, quando não previne o atrito;
· nossas discussões podem ser pautadas pelo respeito. Palavras mansas e sadias podem desarmar o ânimo agressivo da outra parte. Podemos expor nossas opiniões, por mais divergentes que sejam, sem usar de agressividade.

quarta-feira, 26 de maio de 2010

CAMINHANDO E ESCUTANDO



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"Caminhando e cantando, e seguindo a canção, somos todos iguais, braços dados ou não ...” Esta é uma das canções, que gosto de escutar no mp3, enquanto caminho diariamente no Parque Barigüi. Parafraseando o poeta, agora estou também “caminhando e escutando, e seguindo em oração”. É que gravei no mp3 e passei a escutar também a BIBLIA falada.
Tenho que confessar que ainda tenho certa dificuldade em concentrar-me na leitura da Palavra, com a mesma intensidade da leitura de um bom livro, obviamente por limitação pessoal. Por que não corrigir este defeito, ponderando que “A Fé vem pelo OUVIR”?.
Verifico então que existem até versões com trilha sonora e efeitos especiais, que certamente dão um sabor especial à Palavra, que deve antes ser viva, em contraposição à “letra que mata”. Talvez esta forma de ouvir a Biblia, corrija a deformação de uma leitura incipiente, apressada, rotineira, e sem imaginação, contaminada pelos preconceitos de inumeráveis exposições sem a graça que só o Espírito pode conferir. Quem sabe?
Oro para que o Espírito me inspire neste propósito, dando-me a mesma alegria que vejo, e, até invejo, em alguns cristãos.

sábado, 1 de maio de 2010

APRENDENDO A VIVER EM MAIOR PROFUNDIDADE

Somos movidos primariamente para atender nossas necessidades, desde as mais básicas de alimentação, saúde, habitação, às culturais de lazer e educação, até àquelas que se enquadram na categoria de aquisição de bens supérfluos. A vida, assim, pode ser resumida num aglomerado de necessidades. Agimos para atender as necessidades que condicionam nossa existência. As necessidades da vida determinam os objetivos que o homem escolhe pelo planejamento e ação. Especificamente denota a ausência ou carência de algo indispensável ao bem-estar de uma pessoa, evocando o desejo urgente de satisfação. Necessidades podem mesmo se tornar nossos deuses.
Satisfeitas estas necessidades, reais ou artificialmente infladas e apropriadas, vivemos então “divididos entre pensamentos, desejos, negócios, paixões, distrações, deveres,afeições”. Nas palavras de Josep Catalón (Guia da Vida Interior) “Não somos um. Estamos divididos. Nosso interior é como um rio em que coexistem correntes, redemoinhos e remansos, independentes entre si e, ao mesmo tempo, interrelacionados. O Eu não é um ser unitário, mas um ser integrado por uma multiplicidade de tendências. Convivem em nós diversas motivações, intenções e propósitos que correspondem a raízes genéticas, à educação, a modelos internalizados, à pressão social. Sobrevivemos no equilíbrio instável de inclinações contraditórias. Um ser disperso que luta por interesses conflitantes.”
Numa escala mais consistente de prioridades, alguns vivem correndo atrás de uma meta, como por exemplo alcançar um determinado patamar de riqueza, de status e poder no seio da sociedade, e, no extremo oposto aqueles que elegem uma meta altruísta, de ajuda ao próximo, tendo como paradigmas os santos. Finalmente, o reconhecimento dos limites das realizações e a consciência da morte combinam para levantar questões sobre o significado e o propósito do tempo que ainda nos resta. Neste sentido listamos abaixo três insights preciosos, que estamos tentando por em prática, pelo menos por alguns minutos diários:BUSCANDO UM TEMPO DE SER. “Chamamos tempo de ser a um espaço de tempo dedicado a dar-me conta de que sou, de que existo, de que vivo aqui e agora, em meios às circunstâncias concretas. Trata-se pois de um despertar a mim mesmo, e procura ser consciente do que estou vivendo neste momento presente. Estou disperso, distraído, em outra coisa e em outro momento do aqui e agora. Não estou onde estou. Por isso tenho de aprender a estar onde estou com todo meu ser. Todo o sentido de nossa vida parece que o recebemos da quantidade trabalho que realizamos. Não encontramos tempo para viver, e isto é o que se busca com o tempo de ser: viver mais plenamente. Não se trata de ser como oposto a fazer, a trabalhar, a pensar, a conviver, a comprometer-me e se trata de estar onde estou, de estar presente em cada momento, em cada situação todo eu, com todo meu corpo, com todos meus sentidos, com toda minha mente, com todo meu coração, com todo meu ser. E estar totalmente atento e consciente da situação real que tenho diante, que tenho neste momento”. (“Vida y Contemplación”, de Manuel Marquez)
DANDO ATENÇÃO À VOZ INTERIOR DA ALMA. Poderemos ouvir a voz de nossa alma se moderarmos as atividades e prestarmos atenção nela. Para alguns de nós isso pode se dar por meio de um diário, caminhadas, expressões artísticas, e ambientes silenciosos. Sabemos que encontramos a forma particular que se adapta a nós quando tudo para, exceto a alma. Ficar atentos a nossa vida interior é uma habilidade que pode ser aprendida: o que eu me encontro pensando e como estou me sentindo hoje? Reservar um tempo e adquirir o hábito de prestar atenção ao que estamos pensando e sentindo”. ( “A alma e o self”, de Paul Fehrenbach)
PRATICANDO A PRESENÇA DE DEUS
“Reconheço que Deus está sempre intimamente presente em mim e lhe dedico todos os momentos ;
Tudo que faço, procuro fazê-lo muito bem feito, como para Deus mesmo;
Se tiver alguma dúvida peço Sua assistência para saber qual a Sua vontade;
Ofereço todas as coisas a Ele antes mesmo de realizá-las e agradeço quando tiver terminado;
Nas coisas que sinto que Ele está solicitando de mim, busco ter um desempenho perfeito;
Realizo os trabalhos mais banais sem visar o reconhecimento interesseiro dos homens, e, quanto mais longe eu sou capaz de chegar, eu o faço, puramente por amor a Ele;
Busco me acostumar a manter uma conversação contínua com Ele. Em minha conversação com Deus devo mostrar que tudo o que faço é com a intenção de louvá-lo, amá-lo incessantemente, por Sua infinita bondade e perfeição;
Minhas orações não representam momentos isolados de comunhão com Deus, mas são o reconhecimento da presença de Deus;
Renuncio sinceramente todas as coisas sobre as quais tenho consciência de que não estão sendo conduzidas por Deus.” (Irmão Lawrence, que aos 55 anos tornou-se um irmão leigo na comunidade dos Carmelitas, em meio às panelas da cozinha de um Hospital, de onde até líderes da Igreja o procuravam para pedir conselho e ajuda)

quinta-feira, 15 de abril de 2010

A OUTRA FACE - DESAGRADÁVEL - DA VIDA


“A humanidade não merece a vida” . Com esta manchete, a Folha de São Paulo, em 20.11.08, publicou uma entrevista com o prêmio Nobel José Saramago, com o seguinte registro: “O desastre da humanidade – A história da humanidade é um desastre contínuo. Nunca houve nada que se parecesse com um momento de paz. Se ainda fosse só a guerra, em que as pessoas se enfrentam ou são obrigadas a se enfrentar... mas não é só isso. Esta raiva que no fundo há em mim, uma espécie de raiva às vezes incontida, é porque nós não merecemos a vida. Não a merecemos. Não se percebeu ainda que o instinto serve melhor aos animais do que a razão serve ao homem. O animal, para se alimentar, tem que matar o outro animal. Mas nós não, nós matamos por prazer, por gosto. Se fizermos um cálculo de quantos delinqüentes vivem no mundo, deve ser um número fabuloso. Vivemos na violência. Não usamos a razão para defender a vida. Usamos a razão para destruí-la de todas as maneiras – no plano privado e no plano público.” No momento em que líamos, achamos muito pessimista, mas logo a mídia alardeava situações de violência urbana, ou contra a Natureza, provocadas pelo homem, no País e no Mundo, que aparentemente lhe davam razão. Vendo tanta coisa ruim em volta, quando coisas más acontecem a pessoas boas, enquanto ímpios prosperam, ficamos intimamente revoltados, e pela impotência, muitas vezes perplexos.
Também o filosofo Schopenhauer ponderava que “O mundo e a vida são injustos e dolorosos. O prazer é somente um placebo momentâneo . Dor, desejos insatisfeitos, aborrecimentos, lutas intermináveis, morte. O mundo e nossa vida nele é isto e nada mais.” Aqui também reagimos contestando, para já na primeira irritação voltar atrás.
Mas, verdadeiramente, há momentos na vida em que o aborrecimento e a insatisfação quase(?) nos dominam. São as situações adversas, ruídos na comunicação com pessoas próximas, nossas próprias limitações (crescentes na terceira idade), ensejando que assimilemos bombardeios diários à nossa auto-estima, que acabam nos deprimindo. Esta face, ora mais, ora menos, desagradável, também faz parte da nossa personalidade, e não raro a projetamos no próximo; e por aí vai.
Como cristãos nossa tendência é relegar tais momentos, considerando-os como ilegítimos. Certamente que seria impensável vivermos eternamente nesta gangorra. Tampouco encontraremos respostas prontas que, de antemão, pacifiquem nossa mente, que solucionem de vez estes problemas, pois estão além de nossos esforços de racionalização. Aqui entra a fé que proclama que o homem não é um fim em si mesmo! Que existe Alguém no controle, e que a Paz é o nosso destino final.

segunda-feira, 5 de abril de 2010

CONTABILIZANDO NOSSO TEMPO


“ Memento homo qui a pulvis es et in pulverem reverteris"
Passamos, diariamente, ao largo deste solene aviso sobre a gravidade e transitoriedade da vida. Além disto, temos o hábito de contabilizar os anos de vida, seja em biografias, seja nos registros da mídia, de cada notável, comparando com o que cada um fez de especial com o seu tempo.
Também, por ocasião da aposentadoria, ante as desvantagens normais, e dentre estas, a de redução das receitas, ponderávamos que o recurso mais escasso doravante, era mesmo o tempo de vida remanescente, e, para ser mais preciso, o tempo de vida útil, de uso pleno da razão; com isto minimizávamos a tentação de permanecer na rotina do mesmo trabalho (o que é diferente de permanecer em atividade) até o fim.
E, com o passar do tempo, e os prazos de validade dos sonhos vencendo, não se enquadrando também entre os notáveis, nossa biografia escassa, poderia terminar com um “nada consta”. Não obstante, compartilhamos o pensamento de que “nossas experiências mais pessoais carregam uma verdade emocional de algum modo capaz de comunicar-se universalmente. Nossas experiências íntimas pertencem a todos os outros. Nossos segredos muitas vezes são os mesmos. Nossos sentimentos privados são, estranhamente, bastante comuns”(James C. Schaap).

Sentimo-nos assim encorajados a perseverar em ampliar nossa comunicação. Porém comunicar o que? Invariavelmente estes pensamentos nos conduzem à pergunta pelo sentido da vida, tema bem desenvolvido por Viktor Frankl, criador da Logoterapia, para quem “ o homem não só deve saber de que vive: ele deve também saber para que vive. O homem não necessita somente dos meios de vida, mas também de um fim. Em vez de “que faço eu para viver?”, impõe-se a questão “vivo eu: para fazer o que?”.
Dentre as muitas respostas possíveis, recorremos aqui, por oportuno, à teoria - de autoajuda - da “semente de carvalho” ( “O Código do Ser”, de Hilmann) que a seu modo, propõe que "cada vida é formada por uma vocação que é a sua essência, que a leva para um determinado destino. Assim como o destino de um imenso carvalho já está escrito em sua pequena semente, do mesmo modo o ser humano traz em si as marcas do que há de desenvolver. Um sentido de vocação pessoal, de que existe uma razão para eu estar vivo. A teoria do fruto do carvalho sustenta que cada pessoa tem uma singularidade que pede para ser vivida e que já está presente antes de poder ser vivida”.
Nestes termos continuamos motivados, e com muitos planos. A verificar...

terça-feira, 30 de março de 2010

A ADMIRAÇÃO QUE A BELEZA NOS TRAZ


Retornando de uma caminhada matinal pelo belíssimo Parque Barigüi, em Curitiba, certamente um convite à contemplação da beleza do ambiente, com direito à trilha sonora de pássaros, estava pagando meu tributo diário ao corpo, nem sempre reconhecido, em meio a tantas preocupações imaginárias e desnecessárias, que nos ocupam o tempo.
Curtindo esta lassidão de vida de aposentado, lembrei-me de um comentário de N.T. Wright (Simplesmente Cristão), que assim se expressava: “A beleza, quer na ordem natural ou dentro da criação humana, é algo tão forte que evoca nossos mais profundos sentimentos de respeito, admiração, gratidão e reverência. É algo que nos faz sair de dentro de nós mesmos e que mexe com nossos sentimentos mais profundos. Mas, qualquer um que tentar aprisioná-la descobrirá que o elemento fundamental, aquilo que o atrai e provoca sua admiração é exatamente o que se perde quando se tenta agarrá-la. A beleza está ali, mas ao mesmo tempo não está. A beleza é isto – esta canção, este por do sol,... – e não é.”
No contraponto da caminhada rejuvenescedora, observei na saída, a chegada de palestrantes engravatados, se dirigindo para o Salão de Convenções nas instalações do Parque, empostados, carregando suas pastas cheias de conhecimento técnico a repassar, e cujo conteúdo ousaria dizer, nem de longe reúne os requisitos de beleza como referidos. Mesmo assim certamente terão, por força das convenções, uma platéia cativa e atenciosa, em que muitos provavelmente não poderão também apreciar e aprender com a natureza em volta, valores maiores da vida, e que valem a pena serem buscados como a Beleza, o Bem e a Verdade.

terça-feira, 23 de março de 2010

Ser mais pessoa e menos personagem


Escrevendo uma resenha sobre o escritor Paul Tournier intitulado “O poder da relação pessoal”, outro autor, J.K.Miller destaca as alternâncias, normais em nossas vidas, entre o que chama de “relações de um personagem”, e, de “relações de pessoa”. O diferencial é o papel conferido aos segredos que afetam no desenvolvimento da pessoa, desde a mais tenra infância.
Para o autor citado “aprender a administrar segredos – aprender a guardá-los e a revelá-los apenas pela vontade própria - constitui o primeiro momento na formação da pessoa individual...À medida, porém, que vai armazenando segredos, o individuo desenvolve as máscara e fachadas da personagem para esconder os segredos de sua pessoa...A revelação da verdade interior poderia causar embaraço, ou situações ridículas, ou rejeição. A pessoa e a personagem começam a dividir-se”. E finalmente, adverte que “não devemos guardar nossos segredos para sempre”.
Aqui, continuamos refletindo que, talvez, isto explique também nossa rejeição natural por pessoas muito boazinhas (personagens?), e termos mais consideração àqueles tempestivos, ditas de personalidade forte, vide o sucesso dos vilões nas novelas (pessoas mais reais?), com as quais intimamente mais nos identificamos.
Que, nossos netos, ainda na tenra infância, já começam, aparentemente, a desenvolver seus personagens (para surpresa e delícia deste Vô!), a ocultar intenções, a disfarçar atitudes.
Que, na outra ponta estamos nós, adentrando na terceira idade, quando parece que esse processo de alternâncias entre a pessoa e os personagens, que já foi majoritariamente do personagem, começa a ceder terreno para a pessoa. É como se estivéssemos já cansados de representar, e desejosos de se revelar (seria a perspectiva da morte a evidenciar a futilidade dos personagens?).
De uma coisa estamos convencidos: nossa vocação é caminhar sempre para ser cada vez mais 100% pessoas!

quarta-feira, 10 de março de 2010

As artes mais que necessárias da música e da dança


Desde muito cedo reconheci uma habilidade inata para as ciências, com sua ênfase no raciocínio lógico, científico, com destaque para as disciplinas da matemática e da física. Posteriormente tornei-me um autodidata, suficiente para consumo próprio, em Filosofia - em que na realidade fiz algumas matérias avulsas, e tive o privilégio de estudar com dois filosofos vocacionados, Estrela Bohadana e José Sotero, da Faculdade Teológica Bennet - e História. A religião sempre foi uma constante, e presentemente minha frente de atuação. Desejo agora, fechar o ciclo, rompendo a barreira da ignorância, investindo no conhecimento das artes da música e da dança.
Durante muito tempo, a dança se constituiu num tabu, quase um fruto proibido, em razão de algum aspecto cultural ultrapassado, de diferenciação religiosa, pelo menos no ambiente em que vivi. Constatado o equívoco, chega-se à fase adulta de frustração pela falta de ritmo. E com a vinda da terceira idade, a descoberta da beleza destas artes, e a curtição cada dia mais seletiva da música, e dos belos espetáculos de dança, onde pontifica a fabulosa Ana Botafogo.
Na dança tenho ainda a motivação de proporcionar à minha esposa, momentos de maior enlevo, oportunidades quase esquecidas de olhar nos olhos, e exercitar a sensualidade bálsamo para a renovação da vida conjugal. Neste ínterim descobri a professora Ruth Fleury, uma vocacionada e apaixonada pelo ensino da dança de salão (Academia Prepara e Vai, no Rio de Janeiro), com quem passamos, eu e a esposa, a tomar aulas particulares, para então constatar o alto preço a pagar pelo atraso, somente aliviado pela perseverança e paciência da mestra.
E, com atraso, só agora vou descobrindo a necessidade dessas artes. É que “ a música quase que faz parte da alma humana. A cada acontecimento de nossas vidas podemos associar um som, uma cor, um cheiro, uma presença, uma emoção. Poucas coisas, entretanto, podem ser tão memorizadas e revividas quanto as vibrações de uma música. Vivemos esta experiência desde o ventre de nossa mãe, embalados pelos seus batimentos cardíacos. “
E a educadora nestas artes, Maria Fux, complementa : “O movimento, unido ao estímulo musical, permite uma compreensão total da música, o que não acontece quando alguém escuta ou se move sem escutar. A idéia é: não é possível compreender a música sem a experiência da mobilização corporal. Nas aulas de dança se adquire a música através do corpo: pode-se escutar melhor movendo-se.”
A música é uma forma de comunicação plena do homem, envolve por igual, intelecto, sentimentos e vontade, e a dança é uma afirmação de valor do corpo, com o movimento da vida. As artes assim necessárias da música e da dança, juntamente com a técnica - correntemente crítica para quem quer se comunicar - da internet, constituem-se então meus grandes desafios correntes, e só o tempo para superar as barreiras remanescentes do corpo, e que também são limitações da alma.

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

Carta aberta aos queridos ex-colegas de trabalho


Próximo de completar um ano de aposentadoria, gostaria de reiterar minha satisfação em ter trabalhado com uma equipe tão amiga, e que me propiciou, inclusive, uma despedida comovente, que faço questão de deixar registrada na postagem (pois não é que estou me tornando um blogueiro!) que antecede.
Nesta oportunidade, quero relembrar os bons tempos que passamos juntos, dividindo trabalhos, preocupações e uma companhia fraterna, mesmo quando em meio às discordâncias normais do dia a dia.
Foram tempos marcados por realizações e frustrações, alegrias e decepções, empolgação e desencanto, todas agora convertidas em memórias, de um tempo que passou, e que não volta mais, e levou consigo anos vitais de nossas existências.
Particularmente, gosto de recordar dos mais novos contratados, que estão ainda percorrendo a primeira milha, na longa caminhada de executivos da administração pública (na minha época, mais que um emprego, era um status), desenvolvendo uma vida profissional que se fará intensa e extensa, orientados pela vontade de vencer, e embalados com sonhos de sucesso.
Boa sorte! e coragem! Torço para que não desistam de buscar o melhor, com uma pitada de humildade, que ao final se revelará como um fator indispensável.
Certamente que nosso desafio agora é outro, e, dizem aqueles mais conscientes, que é hora de substituir as racionalidades e suas certezas, pela sabedoria de “quem sabe que nada sabe”. Saborear a vida, se possível, com serenidade, mais emoção que razão, própria de uma vida que se quer re-encantar.
Vivendo num tempo em que se lê tanto sobre auto-ajuda, e melhor somos estimulados na ajuda ao próximo, pondero que melhor ainda é, se podemos estar atentos para um Deus que nos ajuda, e que faz-nos fazer a diferença, transformando finalmente, a vida de cada um, em uma obra de arte, bela e única.
Concluo com esta pérola de pensamento inspirado, retirada do fundo do meu baú da felicidade, onde venho acumulando poções de sabedoria, e, vez por outra provando-as: “cada pessoa é um sonho de Deus tornado realidade; um destino; um ser planejado intencionalmente que Deus pôs no mundo como um personagem único nesta história que se desenrola”. Neste sentido, sábio é aquele que faz deste sonho sua meta de conhecimento, e objeto de aprendizado; e eu também continuo aprendendo e querendo aprender mais. Convido-o a também pensar no assunto.
Daqui de meu posto remoto, de aposentado, fico então recordando com saudades de cada um em particular, e com um olhar que se renova sobre a necessidade de aprofundar um relacionamento amoroso com Deus e com os outros, e isto é quase tudo que tem real valor na vida.
Com um grande, caloroso, e fraternal abraço, do amigo

Homenagem na minha despedida da Eletrobrás em 30.04.2009















AMIGO QUE TRAZ ALEGRIA

O AMIGO NÃO NASCE APENAS DOS ABRAÇOS,

DOS SORRISOS E DAS PALAVRAS DE CONFORTO

O AMIGO NASCE TAMBÉM NO CALOR DO CONFLITO
MUITAS VEZES NOS ATRITOS E NOS GRITOS

O AMIGO AMA EM TODO O TEMPO
POR VEZES É MAIS PRÓXIMO QUE O IRMÃO DE SANGUE
É ALGUÉM QUE TRABALHA CONOSCO
NOS SURPREENDE E NOS ATENDE
COM CONSOLO E REPREENSÃO

VOCÊ MEU AMIGO PÉRICLES
É AQUELE QUE TEM MUITA GLÓRIA
TAL COMO O SEU NOME
VOCÊ FEZ E FAZ HISTÓRIA
POIS CONQUISTOU AMIGOS.
MESMO QUANDO DESTITUIDO DE CARGOS E GLÓRIAS HUMANAS
POIS MARCOU COM ALEGRIA
OS NOSSOS MOMENTOS VIVIDOS NESTA EMPRESA DE ENERGIA

PÉRICLES, VOCÊ É O MEU AMIGO QUE TRAZ ALEGRIA!!!

(Poetisa Ana Lucia Cortez - representando os colegas de trabalho- para Péricles Figueiredo)



quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

FORMAS DE OLHAR A VIDA


O olhar entediado (Eclesiastes)
A questão de fundo do livro é “o sentido da vida” (Religião existe também e principalmente para oferecer sentido – direção e significado – a vida. O sentido da vida abordado sob a ótica da vida que vale a pena ser vivida; “Eu queria saber o que vale a pena, debaixo do céu, nos poucos dias da vida humana” (2.3).
Eu, o mestre, fui rei de Israel. Dediquei-me a investigar e a usar a sabedoria para explorar tudo o que é feito debaixo do céu” (1:12-13).
Afinal a vida sem reflexão não faz sentido. Mas a vida com reflexão é o que? O Eclesiastes diz que é canseira, enfado, é correr atrás do vento. Mas ele não para por aí, e segue investigando e explorando, mesmo depois de chegar à conclusão que a vida é um absurdo.
Absurdo, fútil, inútil e injusto: essas são as qualificações que dá ao trabalho que o homem realiza debaixo do sol. O mundo que ele vê é repetitivo e enfadonho. Por um fim ao tédio é o desafio que o Eclesiastes propôs para nós. Precisamos vencer o tédio para que a vida ganhe sentido.
O Eclesiastes olha para o mundo e não capta sentido no que vê e no que faz, pois o que ele descreve é exatamente o que o mundo nos parece quando ficamos contaminados pelo tédio. Para o Eclesiastes o mundo é um processo de repetições enfadonhas, sem variações que atraiam o interesse, pois “não há nada de novo debaixo do sol”. Mas ele sugere também que não existe apenas uma maneira de viver. Se o tédio causado pela repetição é o problema, a solução é a experiência individual – a chance que cada um tem de fazer pela primeira vez o que as gerações anteriores têm feito há séculos.
(O livro mais mal-humorado da Bíblia, de Ed. René kivitz)

O olhar com sentido (Viktor Frankl)
O homo sapiens move-se entre o extremo positivo do sucesso e seu contrário negativo do fracasso. É bem diferente aquele que chamo homo patiens, e que move-se ao longo do eixo perpendicular entre os dois pólos da realização (de si através de um sentido) e do desespero (falta aparente de sentido para a própria vida.
Os caminhos através dos quais podemos encontrar sentido são: vivenciando, ao nos entregarmos a uma obra, tarefa ou pessoa; ou criando, ao nos dedicarmos a uma obra, tarefa ou pessoa. Os valores vivenciais e os criativos são os meios que usamos para dar uma forma plena de sentido à nossa vida. Em ambos os casos, o sentido é uma forma de dedicação ou entrega a um valor, e, se isto não for possível, se nossa capacidade de trabalho e de prazer estiver perdida, abre-se, apesar de todos os reveses, uma nova possibilidade, aquela de, através de nossa atitude, lutar por um sentido pessoal, o mais pessoal de nossa vida ( o sentido que é possível encontrar em um sofrimento).
Viver com sentido significa, de maneira bem simples, realizar a tarefa que surge num dado momento. A tarefa pode consistir em nada fazer numa determinada hora, descansar, ouvir música, saborear uma boa refeição No momento seguinte, a tarefa pode ser, a de dar assistência a alguém ou realizar um trabalho. Viver com sentido, significa descobrir o melhor valor possível dentro de uma situação e realizá-lo.
Não se trata de qualquer valor, escolhido ao acaso, mas aquele que, nesta situação, é considerado, pelo meu conhecimento e minha consciência, como sendo o melhor valor. O sentido é então sempre aquilo que especificamente deveríamos fazer agora, aquilo que, em um dado momento, deveria ser feito. A possibilidade de sentido é sempre uma oferta ou um apelo daquele momento.
(Em busca de sentido, de Viktor Frankl)

O olhar atento (Josep Esquiró )
A essência do respeito é o olhar atento. Paradoxalmente a total facilidade de olhar contrasta com a dificuldade de olhar bem. Ver somente o mero visual, quase não custa nenhum esforço (daí o êxito da TV), enquanto que olhar bem, custa muito; dirigir o olhar e concentrar-se em algo já supõe um esforço e acarreta portanto um cansaço. O movimento da atenção não é freqüente, mas raro. Na maioria das vezes tendemos a tratar as pessoas e as coisas automaticamente, seguindo normas de conduta assumidas, geralmente, de forma acrítica. Mas, com esse modo de proceder, as coisas na realidade não se mostram a nós, ou a fazem apenas superficialmente.
A atenção dota o olhar de um significado moral. Atenção é o primeiro movimento com significação ética. O respeito requer uma atenção e a atenção um acercamento, uma aproximação.Quem presta mais atenção melhor se orienta e mais respeita. O caráter fundacional do respeito situa-o no mesmo nível de importância que se costuma reconhecer à capacidade técnica. O respeito junta com a justiça é elemento indispensável para criação da sociedade. O respeito ocupa um lugar importante na atitude moral do ser humano; a mesma importância que se dava ao amor à piedade ou ao egoísmo. Movimento de respeito vs indiferença e a avidez de posse e de consumo.


O olhar com admiração (Joshua Heschel)
O rabino Heschel nos propõe resgatar o olhar da criança e o reaprendizado que é o espanto frente ao deslumbramento da criação na trilha do maravilhoso mistério e no ato divino, que a tudo envolve desde a primeira inspiração. A percepção em relação ao divino começa com a admiração; e o caminho para a fé conduz a atos de completa admiração. Admirar vem do grego thaumázein, que significa ver e, no ato de ver, sentir o estranhamento do que aparece. O que nos enche de maravilhado assombro não é o que compreendemos e somos capazes de comunicar, mas o que se situa dentro do nosso alcance e ao mesmo tempo está além da nossa compreensão. A admiração é um estado da mente em que não olhamos a realidade através da treliça de nosso conhecimento memorizado e cristalizado. O termo admiração é derivado de miraculum – milagre. O que nos falta não é a vontade de crer, mas a vontade de admirar. Este é um dos objetivos do modo judaico de viver: vivenciar os atos comuns como aventuras espirituais para sentir o amor à sabedoria que está oculto em todas as coisas.
(“Deus em busca do homem”, de Abraham Joshua Heschel)

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

Pensamentos selecionados

Memento homo quia pulvis es et in pulverem revertere.
O essencial na vida é muito simples mas não é fácil.
Verdade, justiça, bem, virtude, dever (preocupações de Sócrates)
Tomo alguém pela mão e conduzo até a janela. Abro-a e aponto para fora. Não tenho ensinamento algum, mas conduzo um dialogo (Buber)
Não existe qualidade/defeito que seja sempre qualidade/defeito
A imaginação é muito mais importante que o conhecimento. Um raciocínio lógico leva você de A a B. Imaginação leva você a qualquer lugar que você quiser (Albert Einstein)
A mente que se abre a uma nova idéia jamais volta ao seu tamanho original (Albert Einstein)
Pedras no caminho? Guardo todas, um dia vou construir um castelo... (Fernando Pessoa)
A vida sem exame não é digna de ser vivida (Sócrates)
Os conhecimentos nos dão meios para viver. A sabedoria nos dá razões para viver (Rubem Alves)

sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

STATUS DE AVÔ APOSENTADO


Comentando com um amigo sobre as alegrias de ser avô, ao concordar, o mesmo acrescentou que, também se soubesse antes, que era tão bom, pularia a fase de pai – com sua ênfase na responsabilidade e os contratempos da aborrecência juvenil, para não falar da aridez adulta – indo direto para a fase de avô.

Além das belezas da inocência e da espontaneidade, nos encanta a veracidade e a alegria natural e frequente das crianças, vivenciando cada instante numa comemoração sem fim, que recebe com um sorriso, e transforma quase tudo, como se fosse um presente, bem diferente da fase subsequente, quando nos tornamos hábeis calculistas, afinal “é dando que se recebe”.
Ser avô é uma benção e pode ser sinal de uma vida plena, e, quando associado com a aposentadoria daquilo que se convencionou chamar de “vida produtiva”, transcorrida frequentemente sob a opressão do sacrifício estressante de ser competitivo a toda hora e em todo lugar, enseja um estado de espírito feliz e prazeroso. Em substituição aos cargos e chefias, muito disputados, fui promovido para um plano de cargos mais tranquilo: agora estou na faixa de avô.
Parafraseando o autor de inspirado texto sobre “Tempo e Jabuticabas” já não tenho tempo para lidar com pessoas muito ocupadas, impacientes, e que se julgam muito importantes, e eventualmente arrogantes fantoches de autoridades, nem para participar de reuniões inócuas e/ou ter que ouvir discursos enfadonhos e repetitivos, nem tampouco alugar meu ouvido em ambientes onde na maioria do tempo, a maioria das pessoas, conversam sem comunicar nada, antes papagueiam chavões repetidos à exaustão pela mídia. O autor desconhecido conclui afirmando: “Meu tempo tornou-se escasso para debater rótulos, quero a essência, minha alma tem pressa...quero viver ao lado de gente humana, muito humana; que sabe rir de seus tropeços, não se encanta com triunfos, não se considera eleita antes da hora, não foge de sua mortalidade, defende a dignidade dos marginalizados, e deseja tão somente andar ao lado de Deus. Caminhar perto de coisas e pessoas de verdade, desfrutar desse amor absolutamente sem fraudes, nunca será perda de tempo.O essencial faz a vida valer a pena”. Assino embaixo.
Quero antes reaprender, com os netos, a estar onde estou, presente em cada momento, em cada situação, inteiro, com todo meu coração.
Finalmente passei a ocupar-me também com coisas simples, como cultivar um bonsai, manter em operação um mini-catavento, e colecionar outras inutilidades artesanais, que, por sinal, os netos adoram. Estamos assim em sintonia, ou para ser mais atual, ligados, no gosto e nas atividades.