quinta-feira, 15 de abril de 2010

A OUTRA FACE - DESAGRADÁVEL - DA VIDA


“A humanidade não merece a vida” . Com esta manchete, a Folha de São Paulo, em 20.11.08, publicou uma entrevista com o prêmio Nobel José Saramago, com o seguinte registro: “O desastre da humanidade – A história da humanidade é um desastre contínuo. Nunca houve nada que se parecesse com um momento de paz. Se ainda fosse só a guerra, em que as pessoas se enfrentam ou são obrigadas a se enfrentar... mas não é só isso. Esta raiva que no fundo há em mim, uma espécie de raiva às vezes incontida, é porque nós não merecemos a vida. Não a merecemos. Não se percebeu ainda que o instinto serve melhor aos animais do que a razão serve ao homem. O animal, para se alimentar, tem que matar o outro animal. Mas nós não, nós matamos por prazer, por gosto. Se fizermos um cálculo de quantos delinqüentes vivem no mundo, deve ser um número fabuloso. Vivemos na violência. Não usamos a razão para defender a vida. Usamos a razão para destruí-la de todas as maneiras – no plano privado e no plano público.” No momento em que líamos, achamos muito pessimista, mas logo a mídia alardeava situações de violência urbana, ou contra a Natureza, provocadas pelo homem, no País e no Mundo, que aparentemente lhe davam razão. Vendo tanta coisa ruim em volta, quando coisas más acontecem a pessoas boas, enquanto ímpios prosperam, ficamos intimamente revoltados, e pela impotência, muitas vezes perplexos.
Também o filosofo Schopenhauer ponderava que “O mundo e a vida são injustos e dolorosos. O prazer é somente um placebo momentâneo . Dor, desejos insatisfeitos, aborrecimentos, lutas intermináveis, morte. O mundo e nossa vida nele é isto e nada mais.” Aqui também reagimos contestando, para já na primeira irritação voltar atrás.
Mas, verdadeiramente, há momentos na vida em que o aborrecimento e a insatisfação quase(?) nos dominam. São as situações adversas, ruídos na comunicação com pessoas próximas, nossas próprias limitações (crescentes na terceira idade), ensejando que assimilemos bombardeios diários à nossa auto-estima, que acabam nos deprimindo. Esta face, ora mais, ora menos, desagradável, também faz parte da nossa personalidade, e não raro a projetamos no próximo; e por aí vai.
Como cristãos nossa tendência é relegar tais momentos, considerando-os como ilegítimos. Certamente que seria impensável vivermos eternamente nesta gangorra. Tampouco encontraremos respostas prontas que, de antemão, pacifiquem nossa mente, que solucionem de vez estes problemas, pois estão além de nossos esforços de racionalização. Aqui entra a fé que proclama que o homem não é um fim em si mesmo! Que existe Alguém no controle, e que a Paz é o nosso destino final.

segunda-feira, 5 de abril de 2010

CONTABILIZANDO NOSSO TEMPO


“ Memento homo qui a pulvis es et in pulverem reverteris"
Passamos, diariamente, ao largo deste solene aviso sobre a gravidade e transitoriedade da vida. Além disto, temos o hábito de contabilizar os anos de vida, seja em biografias, seja nos registros da mídia, de cada notável, comparando com o que cada um fez de especial com o seu tempo.
Também, por ocasião da aposentadoria, ante as desvantagens normais, e dentre estas, a de redução das receitas, ponderávamos que o recurso mais escasso doravante, era mesmo o tempo de vida remanescente, e, para ser mais preciso, o tempo de vida útil, de uso pleno da razão; com isto minimizávamos a tentação de permanecer na rotina do mesmo trabalho (o que é diferente de permanecer em atividade) até o fim.
E, com o passar do tempo, e os prazos de validade dos sonhos vencendo, não se enquadrando também entre os notáveis, nossa biografia escassa, poderia terminar com um “nada consta”. Não obstante, compartilhamos o pensamento de que “nossas experiências mais pessoais carregam uma verdade emocional de algum modo capaz de comunicar-se universalmente. Nossas experiências íntimas pertencem a todos os outros. Nossos segredos muitas vezes são os mesmos. Nossos sentimentos privados são, estranhamente, bastante comuns”(James C. Schaap).

Sentimo-nos assim encorajados a perseverar em ampliar nossa comunicação. Porém comunicar o que? Invariavelmente estes pensamentos nos conduzem à pergunta pelo sentido da vida, tema bem desenvolvido por Viktor Frankl, criador da Logoterapia, para quem “ o homem não só deve saber de que vive: ele deve também saber para que vive. O homem não necessita somente dos meios de vida, mas também de um fim. Em vez de “que faço eu para viver?”, impõe-se a questão “vivo eu: para fazer o que?”.
Dentre as muitas respostas possíveis, recorremos aqui, por oportuno, à teoria - de autoajuda - da “semente de carvalho” ( “O Código do Ser”, de Hilmann) que a seu modo, propõe que "cada vida é formada por uma vocação que é a sua essência, que a leva para um determinado destino. Assim como o destino de um imenso carvalho já está escrito em sua pequena semente, do mesmo modo o ser humano traz em si as marcas do que há de desenvolver. Um sentido de vocação pessoal, de que existe uma razão para eu estar vivo. A teoria do fruto do carvalho sustenta que cada pessoa tem uma singularidade que pede para ser vivida e que já está presente antes de poder ser vivida”.
Nestes termos continuamos motivados, e com muitos planos. A verificar...