sexta-feira, 25 de junho de 2010

SEM FAZER NADA...!


Com status de aposentado, há cerca de um ano, tenho porém uma vida muito cheia e ocupada desde então, e eventualmente me perguntam "o que estou fazendo?" E a resposta sincera é "nada..." Neste “nada” passo, um bom tempo absorvido com as rotinas do dia a dia, realizadas de forma quase automáticas, que incluem as provisões domésticas, exercícios físicos diários, e lazer variado; outro tempo consumido na comunicação, com destaque para as relações familiares, e no circulo mais amplo das amizades, com a intermediação cada vez mais presente da internet; e, um tempo dedicada a boas leituras e estudos voluntários, ocasionalmente compartilhados em círculos afins de Igreja, etc. Além destas atividades, merece destaque, um novo tempo, para ficar sem fazer nada; são momentos de quietude e solidão, sem qualquer ação, enquanto necessidade de fazer alguma coisa, e sem mesmo ter que decidir fazer alguma coisa. Não é contudo um “pit stop”, carregado de tensão e ansiedade, na preparação para fazer alguma coisa em seguida; tampouco uma hora de buscar deliberada auto-conscientização. Mas antes, é uma entrega prazerosa, sem qualquer esforço físico ou mental, numa espécie de momento “zen”, se isto significa absoluta inatividade e mesmo ausência de desejo de realizar qualquer atividade.Possivelmente todos estes tempos sejam tachados de “improdutivos” para todos os fins práticos ; de acumulação de riqueza nem se fala! Numa caracterização limitada é um tempo para receber, escutar, sentir, tudo sem nada fazer, sem processamento interior. É deixar-se levar, como na metáfora de “Fernão Capelo Gaivota”! Assim ficam silenciadas todas as vozes que pressionam a alma, tornando-a inquieta, em sua ânsia controladora/protetora; uma parada necessária em meio a tanto afazer? eis uma questão! Fica a dúvida se este não é também um estado de receptividade adequado, na ausência de quaisquer constrangimentos, para ouvir sem ruído a voz de Deus?

quarta-feira, 16 de junho de 2010

ANIVERSÁRIO, UMA BREVE HISTÓRIA


Alguns dos títulos de grande sucesso nas livrarias, na atualidade, são “Breves histórias de ...”, em que são abreviados e sumarizados acontecimentos marcantes ao longo de algum período histórico. Com maior sucesso, na vida de cada pai, avô, bisavô, está a “grande história” de um filho, neto, bisneto. História singular, ainda que igualzinha do ponto de vista de quem vê de fora, comum, mas não repetitiva: começa com o primeiro e marcante choro – no que é acompanhado pelos mais velhos emocionados - seguido de muitos outros, alternados com sorrisos cativantes, matreiros! E assim, sucedem-se as comemorações dos aniversários, e com elas, as festas e os presentes, pálidas lembranças do presente maior de uma vida que se desenvolve. Nesta comemoração da vida, as razões perdem espaço para a admiração, sem palavras, só alegria! Remanesce a gratidão a Deus , e a renovação do pedido de proteção pelo novo ano de vida. E, novamente nosso choro, doravante solitário, expressão de inaudita alegria, de mais um vô e pai amoroso, nos aniversários, hoje de uma neta, e amanhã de uma filha, bênçãos de Deus! e para sempre muito amadas. Curitiba, em 16 de junho de 2010.

quinta-feira, 10 de junho de 2010

RELACIONAMENTOS INTERPESSOAIS: ALEGRIAS, CONFLITOS E MÁGOAS


Fortalecer os relacionamentos é positivamente, aumentar uma fonte de alegrias incomparáveis, de satisfação de necessidades fundamentais, como ser querido, bem cuidado e atendido; e, enseja a sociabilidade, que é a propensão para viver junto com os outros, e comunicar-se com eles, torná-los participantes das nossas próprias experiências e desejos, conviver enfim com eles as mesmas visões. Temos mesmo fome por relacionamentos: “é como se nós tivéssemos sido feitos para encontrar nosso propósito e significado não simplesmente em nossas vidas interiores, mas no outro, e nos significados e propósitos compartilhados”.
Mas, juntamente com a alegria, num relacionamento é comum ocorrerem conflitos. Gosto de uma alegoria que compara o conflito com o atrito que existe entre as engrenagens de um motor; há uma solução bem simples para removê-lo: basta que o motor seja desmontado e que cada peça seja guardada separadamente. O conflito estará resolvido, mas o motor já não existirá, nem as suas inúmeras utilidades. Não haverá choques, nem desgastes. Também não haverá movimento nem produção de energia. Temos então uma solução inútil. Assim como um motor não vai funcionar sem atritos das engrenagens, também os conflitos interpessoais não podem ser inteiramente eliminados dos relacionamentos”. O que podemos fazer para reduzir esse atrito é minimizar seus efeitos negativos; como? lubrificando o motor (vide exemplos de lubrificantes ao final). Para um cristão, na Biblia, o óleo é um símbolo do Espírito Santo, e precisamos dessa unção em nossos relacionamentos.
Um produto de um conflito não resolvido, são as mágoas. Fred Luskin, em seu livro, “O poder do perdão”, emprega a metáfora do painel de controle de tráfego aéreo :”Imagine uma tela de radar abarrotada à frente de um controlador de vôo estressado. Visualize o caos e a confusão de aviões na tela. Agora imagine que suas mágoas não resolvidas são os aviões visualizados na tela, voando em círculos há dias e semanas sem fim. A maioria dos outros aviões já pousaram, mas suas mágoas não-resolvidas continuam a ocupar um precioso espaço aéreo, exaurindo os recursos necessários em caso de emergência. A presença dos aviões na tela o obriga a trabalhar com mais intensidade e aumenta as chances de acidente. Os aviões da mágoa se tornam uma fonte de estresse e o resultado é, muitas vezes, um apagão. Como é que os aviões chegaram lá? você assumiu algo em termos muito pessoais; você continuou a culpar a pessoa que o fez sofrer pelo fato de se sentir mal; você criou uma história sobre a mágoa. As mágoas são os aviões que não pousarão. Eles enchem por inteiro sua tela, ocupam sua mente e, em especial, dificultam que você aprecie as coisas da sua vida que são maravilhosas. A perda da beleza em nossas vidas é o dano imprevisto que a mágoa pode acarretar.” Os psicólogos nos ensinam ainda que um conflito mal resolvido poderá deixar marcas indeléveis, que podem se transformar até em enfermidades. Devemos então considerar o conflito como uma coisa natural num relacionamento, pois somos seres dinâmicos, com motivações diferenciadas, vivenciando emoções mutáveis a cada situação, e trazemos no inconsciente experiências muito pessoais para serem uniformizadas. Se não podem ser evitados, os conflitos podem, entretanto, serem administrados.
Retomando a alegoria do atrito em uma engrenagem, alguns lubrificantes disponíveis são as expressões de sabedoria seguintes:
. nós não podemos controlar e mudar outras pessoas; no entanto, podemos modificar a nossa forma de agir em uma situação de conflito;
. em todo conflito cada envolvido tem uma parte de verdade: há uma parte no conflito que eu experimentei que é verdadeira para mim, mas também o outro tem sua perspectiva de como ele experimentou o conflito e ela também é verdadeira para ele, afinal, cada pessoa é um universo particular, e carrega em si um mundo de vivências pessoais intransferíveis.
· nossa disposição para escutar, atenciosamente, a outra parte, reduz substancialmente, quando não previne o atrito;
· nossas discussões podem ser pautadas pelo respeito. Palavras mansas e sadias podem desarmar o ânimo agressivo da outra parte. Podemos expor nossas opiniões, por mais divergentes que sejam, sem usar de agressividade.