quarta-feira, 18 de dezembro de 2013

NATAL E A ALEGRIA DO NASCIMENTO


“A palavra natal do português, é derivada do verbo “nāscor”  que tem o sentido de nascer. Como festa religiosa, o Natal, comemorado no dia 25 de dezembro desde o Século IV pela Igreja ocidental e desde o século V pela Igreja oriental, celebra o nascimento de Jesus Cristo e assim é o seu significado nas línguas neolatinas”; é mesmo irrelevante se o mês e o ano na realidade, não coincidem exatamente com o institucionalizado pelos nossos calendários.
Natal é motivo de festa, comemoração e confraternização universal e transcendental: liga Céu e Terra, vivos e mortos, passado, presente e futuro!. O anúncio do nascimento de Jesus é a maior boa-nova (= evangelho) que a humanidade já recebeu: hoje vos nasceu, na cidade de Davi, um salvador que é o Cristo Senhor”. Comemora a encarnação da Segunda Pessoa da Trindade Santa, que é também Deus. É uma ocasião de intensa alegria; um dos cânticos natalinos mais populares na atualidade, tem os seguintes versos destacados: Noite feliz, noite feliz / Ó senhor, Deus de amor/ Pobrezinho nasceu em Belém / Eis na lapa, Jesus nosso bem / .../ Ó Jesus, Deus da luz / Quão afável é Teu coração / Que quisestes nascer nosso irmão / E a nós todos salvar / Eis que no ar vem cantar / Aos pastores os Anjos dos Céus / Anunciando a chegada de Deus / De Jesus, Salvador!”. Na continuidade esta vida singular, passou a ser conhecida como o Deus infante, o Deus menino, e a figura consagrada do Jesus adulto, até sua crucificação por volta dos 33 anos de idade, culminando a vida terrena com a Sua ressurreição, e ascenção, retornando aos Céus, onde assentou-se à direita de Deus Pai. Confraternização universal, pois inclui pessoas de todas as raças, tribos e nações, homem, mulher ou criança, seja rico ou seja pobre. Uma boa nova que já se realizou, e não deve ser considerado como ainda a ocorrer num futuro distante.
Reações singulares: manifestação da Natureza, com a Estrela de Belém, na tradição cristã também chamada de Estrela de Natal , e, que revelou o nascimento de Jesus aos magos e, posteriormente, os guiou até Belém. Celebração também de uma criancinha (João Batista), quando ainda no útero materno (“E, naqueles dias, levantando-se Maria, foi apressada às montanhas, a uma cidade de Judá, E entrou em casa de Zacarias, e saudou a Isabel. E aconteceu que, ao ouvir Isabel a saudação de Maria, a criancinha saltou no seu ventre...”). Manifestação no Céu, onde foi saudado por um coro formado por uma grande multidão de Anjos “...louvando a Deus e dizendo:Glória a Deus nas alturas, paz na terra, boa vontade para com os homens!”.
Reações na Terra, entre os homens: Os magos (sábios) do Oriente, guiados pela estrela de Belém, logo partiram numa longa viagem para ver de perto e adorar o nascimento de um verdadeiro Rei. Os pastores, de imediato saíram para compartilhar a boa nova anunciada pelos Anjos. Os ouvintes dos pastores, ficaram admirados . A Biblia registra também alguns cânticos inspirados de louvor e saudação, como de Izabel, prima de Maria – “...e Isabel foi cheia do Espírito Santo. E exclamou com grande voz, e disse: Bendita és tu entre as mulheres, e bendito o fruto do teu ventre.E de onde me provém isto a mim, que venha visitar-me a mãe do meu Senhor?Pois eis que, ao chegar aos meus ouvidos a voz da tua saudação, a criancinha saltou de alegria no meu ventre. Bem-aventurada a que creu, pois hão de cumprir-se as coisas que da parte do Senhor lhe foram ditas”); de Maria, mãe de Jesus (Disse então Maria: A minha alma engrandece ao Senhor, E o meu espírito se alegra em Deus meu Salvador; Porque atentou na baixeza de sua serva; Pois eis que desde agora todas as gerações me chamarão bem-aventurada, Porque me fez grandes coisas o Poderoso”); de Simeão (“Havia em Jerusalém um homem cujo nome era Simeão; e este homem era justo e temente a Deus, esperando a consolação de Israel; e o Espírito Santo estava sobre ele. E fora-lhe revelado, pelo Espírito Santo, que ele não morreria antes de ter visto o Cristo do Senhor. E pelo Espírito foi ao templo e, quando os pais trouxeram o menino Jesus, para com ele procederem segundo o uso da lei, Ele, então, o tomou em seus braços, e louvou a Deus, e disse: Agora, Senhor, despedes em paz o teu servo, Segundo a tua palavra; Pois já os meus olhos viram a tua salvação, A qual tu preparaste perante a face de todos os povos;Luz para iluminar as nações, E para glória de teu povo Israel). Reação adversa e prepotente, do alarmado reizinho títere Herodes, cheio de ira, e manifestando seu instinto assassino.
A boa nova do Natal de Jesus, e, a benção do “novo nascimento”. A Bíblia revela que, em decorrência do pecado, todos nascemos já espiritualmente mortos. Conforme explicita John Piper, em seu instigante livro “Finalmente vivos, o que acontece quando nascemos de novo?”, “o novo nascimento é a ação do Espírito Santo unindo o nosso coração morto e egoísta ao coração vivo e amoroso de Deus, de modo que a vida de Deus se torna a nossa vida, e o amor dEle se torna o nosso amor”. E, ainda, resume “O que acontece no novo nascimento não é a obtenção de uma nova religião, e sim de uma nova vida. O que acontece no novo nascimento não é meramente uma afirmação do caráter sobrenatural  de Jesus, e sim o experimentarmos o sobrenatural em nós mesmos. O que acontece no novo nascimento não é uma melhoria da velha natureza humana, e sim a criação de uma nova natureza humana – uma natureza que é realmente você, uma natureza perdoada, purificada, realmente nova, que está sendo formada pelo Espírito de Deus, que habita em você. Da parte de Deus, somos unidos a Cristo no novo nascimento, é isso que o Espírito Santo faz. De nossa parte, experimentamos essa união por meio da fé em Jesus. Um novo nascimento ocorre toda vez que alguém é unido a Cristo pelo Espírito Santo, e de sua parte experimenta doravante esta união por meio da fé em Jesus”. Resumindo: sem o Natal não haveria encarnação da Segunda Pessoa da Trindade; sem esta Encarnação não existiria morte vicária, condição necessária para remover nossos pecados, e, por conseqüência não haveria redenção para ninguém; sem redenção, e na nossa condição comum de pecadores (pelo que somos,  pelo que fazemos errado, ou quando deixamos de fazer o bem), não existiria salvação; sem salvação não existiria a viabilidade de novo nascimento; sem novo nascimento não haveria possibilidade de vida eterna, na companhia de Deus e dos Anjos. O nascimento de Jesus Cristo inaugura desta forma um novo tempo, um Kairós ( palavra da língua grega antiga que significa “o momento oportuno”, "certo" ou “supremo” ) para toda a Criação, e em particular para a humanidade, que passa a ter no novo nascimento seu marco zero da vida eterna. De outra parte, uma vez nascidos de novo, temos pela frente uma vida abundante e eterna, vivida desde já na esperança de um futuro onde não haverá mais choro, nem pranto, e com o último inimigo, que é a morte, definitivamente derrotada e afastada; quando reinará a paz também na Natureza, onde o animal outrora feroz, se deitará lado a lado o que era sua antiga presa. Onde libertos do poder do pecado, e de todas as vicissitudes dele decorrentes, cresceremos, todos os salvos, indefinidamente, em graça e conhecimento diante de Deus. Não obstante, assim como no passado houve insensibilidade de moradores e donos de pousadas em Belém, que negaram-lhe um lugar mais adequado para nascer, assim, também, é possível que, na atualidade, Ele não consiga nascer em nossos corações, porque este já está muito ocupado com nossas preocupações egoístas e muitas vezes mesquinhas. Mas temos notícias de que, cada vez que ocorre um novo nascimento, há comemoração entre os Anjos no Céu, distinguidamente para cada um, tal o valor considerado da pessoa na economia divina.
FELIZ NATAL JESUS CRISTO ! ao ensejo em que confraternizamos também com todos aqueles a quem o Nosso Senhor quer bem, e , concedeu-nos a graça de nascer de novo, para uma nova vida, abundante, que culminará na companhia por toda a eternidade, da Trindade Santa, dos Anjos, e, de todos os Santos.

quinta-feira, 21 de novembro de 2013

SOBRE A BUSCA DE DEUS, DA FELICIDADE, E, DO PRAZER


Como relacionar a busca de Deus com a busca da felicidade e do prazer? Comumente, achamos que a busca de Deus opõe-se, ou no mínimo, não implica na busca do prazer. A busca de Deus é associada com a prática de atos piedosos, nem sempre vistos como prazerosos, pelo menos para quem não os pratica. Ao contrário, o prazer é quase sempre identificado com a diversão, a conquista de poder e de prosperidade - medida pelo acúmulo de bens materiais - a realização de um bom casamento e ter uma família saudável, etc. E, assim na maior parte do tempo passamos a vida correndo atrás do prazer, e, alguns, com o coração dividido  com a busca simultânea de Deus, não raro, reduzida a uma expressão distorcida de religião que assegure uma vida melhor mas, futura. É possível mesmo observar-se o semblante mais carregado de alguns religiosos, curvados, quem sabe, sob o peso da cruz que têm de carregar, e, que se traduz, muitas vezes, pela renúncia dos prazeres deste mundo então corrompido.
De forma aproximada podemos identificar três atitudes paradigmáticas em relação ao assunto: os pessimistas (ou acomodados) para quem a existência é um erro, e que não vale a pena mesmo buscar corrigir seu curso natural; os que buscam desesperadamente obter o maior prazer possível das circunstâncias, e que ensejou o hedonismo (uma teoria ou doutrina filosófico-moral que afirma ser o prazer, o supremo bem da vida humana, e, que no Iluminismo passa a designar uma atitude de vida voltada para a busca egoísta de prazeres momentâneos); e, os santos que descobriram um prazer imenso na busca de Deus.
Citações de como alguns eruditos pensaram sobre essa questão nos permitem ir além do senso comum:
Blaise Pascal (1623 1662) foi um físico, matemático, filósofo moralista e teólogo francês. Pascal escreveu: Todas as pessoas buscam a felicidade. Não há exceção para isso. Sejam quais forem os meios diferentes que empreguem, todos objetivam esse alvo. A vontade nunca dará o último passo em outra direção. Esse é o motivo de cada ação de todo ser humano.
O homem já teve a verdadeira felicidade, da qual agora resta nele apenas o sinal e o espaço vazio, que ele tenta em vão preencher com as coisas ao seu redor, procurando em coisas ausentes a ajuda que não obtém nas coisas presentes. Essas, porém, são todas incapazes, porque o abismo infinito pode ser preenchido somente por um objeto infinito e imutável, ou seja, apenas pelo próprio Deus.
C.S. Lewis ( 1898   1963), foi um professor universitário, teólogo, poeta e escritor britânico, nascido na Irlanda. Destacou-se pelo seu trabalho acadêmico sobre literatura medieval e pela apologética cristã que desenvolveu através de várias obras e palestras. É igualmente conhecido por ser o autor da famosa série As Crônicas de Nárnia. “No que lhe dizia respeito, buscar a própria felicidade não era pecado; é um traço comum da natureza humana. É uma lei do coração humano, assim como a gravidade é uma lei da natureza. Se hoje a noção de que é errado desejar a nossa felicidade e esperar ansiosamente gozá-la esconde-se na maioria das mentes, afirmo que ela surgiu em Kant ou nos estóicos, mas não na fé cristã. Na realidade, se considerarmos as promessas pouco modestas de galardão e a espantosa natureza da recompensas prometidas nos Evangelhos, diríamos que nosso Senhor considera nossos desejos não demasiadamente grandes, mas demasiadamente pequenos. Somos criaturas divididas, correndo atrás de álcool, sexo e ambições, desprezando a alegria infinita que se nos oferece... Contentamo-nos com muito pouco”.
John Piper (1946) que é na atualidade, um dos mais influentes pregadores batistas calvinistas e autores do século XXI. Em seu livro “Teologia da Alegria”, republicado com o titulo “Em busca de Deus”, descreve a busca do maior prazer possível, que é “o prazer cristão, uma filosofia de vida baseada nas cinco convicções seguintes:
- o anseio por ser feliz é uma experiência humana universal, e é algo bom, não pecaminoso;
- jamais devemos tentar negar ou resistir ao nosso anseio por ser felizes, como se isso fosse um impulso mau. Pelo contrário, devemos tentar intensificar esse anseio e alimentá-lo com tudo que proveja a satisfação mais profunda e permanente;
- a felicidade mais profunda e permanente encontra-se apenas em Deus. Não com origem em Deus, mas em Deus;
- a felicidade que encontramos em Deus atinge sua consumação quando compartilhada com outros nos multiformes caminhos do amor;
- na mesma medida em que tentamos abandonar a busca do prazer próprio, deixamos de honrar a Deus e de amar as pessoas. Ou, para usar termos afirmativos: a busca do prazer é parte necessária de toda adoração e virtude.
Ou seja, o fim supremo e principal do homem é glorificar a Deus ao gozá-lo plena e eternamente.”
E completo com o pensamento do eminente rabino Joshua Heschel ( 1907-1972) que descreve o fim desta busca de Deus, nos seguintes termos superlativos:  “a percepção da grandiosidade”, “o sentido do inefável”, “o deslumbramento”, “o sentido do mistério”, “o temor reverencial”, “a reverência e a adoração”, “a intuição, a fé, o acontecimento”. Creio ser este um bom termômetro da verdadeira busca de Deus, e que se traduz também na maior felicidade, e no mais pleno prazer.

Fonte: “Em busca de Deus”, de John Piper

terça-feira, 5 de novembro de 2013

CEM ANOS DE COMUNHÃO


Contrapondo-se aos “CEM ANOS DE SOLIDÃO”, best seller de Gabriel Garcia, em nossa família estamos comemorando CEM ANOS DE COMUNHÃO, de tia PEDRONILA ! Mais do que uma vida longa, é também a marca de uma vida com o selo de qualidade da vida abundante. Nascida em uma familia já grande, em que se inclui nosso pai, os Tios Abner e Pedronila, também foram pródigos em obediência ao mandato “crescei e multiplicai-vos”, e, que se traduziu em dez filhos. Na continuidade, juntamente com os conjugues, netos, e bisnetos, hoje já são tantos, que a Edna ainda está contando para nos passar o número, que na realidade diz muito pouco, sendo mais oportunamente destacado no site Geração Pedraguda, emoldurado por gente bonita e promissora, tendo como ponto de partida, uma história de amor verdadeira, que, há muito tempo atrás, uniu pelos laços do matrimônio, e que alcançam a eternidade, os referidos tios. A rigor, a história começa antes, em torno de uma casinha quase no meio do mato, tendo ao fundo o marco da Pedraguda, um símbolo forte do nordeste brasileiro, onde viveram vô Dorinha e vó Santa, que, infelizmente tivemos pouco contato, mas destacamos aqui, a sabedoria na escolha dos nomes dos filhos, dentre os quais citamos nosso saudoso pai Filadelfo (= amigo do irmão; exemplarmente vivenciado na grande comunhão com a irmã Pedronila), o tio Péricles (= aquele que tem muita glória), e a tia Pedronila que imaginamos  ser uma junção de Pedro (= rochedo) + Nila (trabalhador incansável, muito dinâmico, inteligente e criativo, possui muita disciplina e está sempre disposto a colaborar sem outra intenção que não seja a de ajudar os outros. Com sua praticidade consegue executar quaisquer tarefas cansativas e monótonas, daquelas que a maioria das pessoas costumam recusar). Isto posto, podemos dizer hoje, que estas escolhas só poderiam ter partido mesmo de um espírito sábio, que desta forma, sonha alto, para não dizer que também deseja o melhor para seus filhos.
Cremos também que já tem algum Anjo atarefado escrevendo no Livro da Vida a história de uma mulher humilde, valorosa, com o tempero e a fibra nordestina, (especulamos se o  nome já não venha influenciado pela  firmeza da Pedraguda), e com um destino glorioso, que lhe está reservado desde a eternidade, e, para o qual deseja ter a companhia de toda a família. Desejo inclusive, de que estes cem anos, sejam apenas a avant-premiére de uma vida futura, doravante sem fim, na comunhão com Deus e com a bonita família que lega à posteridade. Ficamos pensando o orgulho da tia, pela quantidade, e, sobretudo pela qualidade da herança santa, que é a família, por quem continua, fielmente, intercedendo na presença de Deus. Podemos até imaginar que, com tanta gente assim, fique tentada até mesmo querer fazer algum pedido a Jesus, seguindo o exemplo da mãe dos discípulos Tiago e João (de que os mesmos sentassem um à direita e outro à esquerda do Trono, com a instalação do Reino de Deus); assim por exemplo, a Maria Elza daria uma boa decoradora na Corte Celeste e, Nozinho para o Ministério da Cultura das Flores.
Uma característica da Tia é sua alegria permanente.  Alegria que se baseia na promessa de que Deus é suficientemente forte e sábio para fazer todas as coisas cooperarem para o nosso bem. Alegria do amor que transborda para outras pessoas. Algum sábio já disse, que, quem ama se alegra na alegria da pessoa amada, se compraz em causar e contemplar alegria nos outros,  sofre pela alegria,e, tem a alegria duplicada na alegria buscada do outro, o que às vezes pode até soar como insistência. Alegria em particular da salvação, que não busca simplesmente integrar-se numa igreja, mas antes experimentar a força que tem a fé para dar sentido e esperança à vida. Àqueles eventualmente  ainda céticos, lembramos aqui, por oportuno, a “Aposta de Pascal”, uma proposta argumentativa criada pelo filósofo, matemático e físico francês do século XVII, Blaise Pascal, sobre a existência, ou não, de vida eterna e suas respectivas consequências. Destacamos também, por ser um marco forte da genuína vida cristã, o exemplo de apego da tia à leitura da Bíblia, mesmo com dificuldade de visão. Leitura esta que transcende ao prazer de um bom livro, porquanto é iluminada pelo próprio Espírito de Deus, que assim, ainda hoje fala dentro de nós, de uma forma suigeneris, que produz não só conhecimento, mas antes, vida, e, vida eterna.
Trazemos também à memória, o testemunho de vida conjugal do tio Abner, seu fiel companheiro, já desfrutando da eternidade, e, também alvo desta homenagem, que, pela fé, tomou posse da benção do Salmo: “Bem-aventurado aquele que teme ao Senhor e anda nos seus caminhos! Do trabalho de tuas mãos comerás, feliz serás, e tudo te irá bem. Tua esposa, no interior de tua casa, será como uma videira frutífera; Teus filhos como rebentos da oliveira, à roda da tua mesa. Eis como será abençoado o homem que teme ao Senhor”! James Houston, comentando este texto, nos informa que “a videira era o símbolo da fertilidade ou benção, portanto, uma esposa “frutífera” era uma benção para seu esposo, além de mãe de seus filhos. A oliveira, como a videira, simboliza longa duração, o que inclui bem-estar, felicidade e também filhos. Filhos são vistos como motivo de felicidade duradoura e, assim, são incluídos na visão da família feliz. “À roda da tua mesa” retrata toda refeição doméstica comum, com a família reunida, em outra divina celebração de alegria. “ Esta certamente foi a visão que embalou este sonho de amor dos Tios Abner e Pedronila.
Aos queridos primos ao congratular-nos por esta ocasião, tão carregada de emoção, destacamos  que, uma família que pode assim comemorar cem anos de uma vida tão carismática, certamente é uma família muito abençoada, e plenamente  vitoriosa.
Querida Tia PEDRONILA! nesta oportunidade em nome de todos que compõem o ramo Figueiredo-Amorim, da Geração Pedraguda, registramos com muito carinho, que a senhora também é a mais vívida recordação que Deus nos deixa, de nossos pais, pelo que somos também imensamente agradecidos, e irmanados com os primos, também podemos dizer, com muito orgulho, que pertencemos à esta família abençoada, que agora tem na senhora seu símbolo e expoente maior. E, juntamente com os primos, elevamos nossas preces, para que Deus continue prodigalizando em sua vida muita Paz, Saúde, e, mais Vida Abundante!
Sua benção Tia!
Dos sobrinhos Filadelfo, Péricles, Wanda Lucia, Carlos Alberto, Miguel Mitre e famílias.

Obs. A bela foto da Tia, que emoldura o texto, foi colhida do site GeraçãoPedraguda

quarta-feira, 23 de outubro de 2013

O PRAZER DO PERTENCIMENTO


Pertencer a um ou mais grupos de referência, não mutuamente exclusivos, é uma condição natural do ser humano, e motivo de prazer em nosso dia-a-dia. Faz parte do fenômeno da sociabilidade, a dimensão social característica do ser humano, e que traduz-se na nossa propensão para viver junto com os outros, e, comunicar-se, tornando-nos participantes das mesmas experiências e dos mesmos desejos, convivendo com outros as mesmas emoções.
Assim por exemplo, pertencer a uma torcida organizada de algum time de futebol está entre os destaques na atualidade, com cada vitória do nosso time sendo motivo de muita celebração coletiva. Pertencer a um determinado país, eventualmente é fonte de prazer, mormente quando estamos longe, o que se reproduz quanto à cidade e o estado em que nascemos. Num círculo mais próximo, podemos pertencer aos quadros de pessoal de uma renomada empresa, o que nos envaidece, e, é motivo de todo um desenvolvimento profissional. Ainda guardo com carinho um quadro singelo, comemorativo dos cinquenta anos da Eletrobrás, empresa pública, holding do Setor Elétrico Brasileiro, onde consta também nosso nome, em meio a todos os funcionários à época. Estamos também sempre envolvidos com grupos de amigos, formados ao longo da vida, onde se incluem aqueles, desde a infância, juventude, faculdade e trabalho, parceiros e/ou testemunhas solidárias de nosso jornadear de vida, e, que logo associamos com lembranças indeléveis de tempos passados e presente. Certamente que pertencemos a uma família, onde normalmente se constituem vínculos fortes e duradouros, que resistem mesmo à distância física. Nada substitui o lugar ocupado pelos laços de sangue, não obstante todos os ataques modernos que ensejam famílias desestruturadas pelos reveses da vida. Existe também um pertencimento ligado à menor célula da sociedade, que é a formada pelos conjugues, e, que pode ser emoldurada por declarações do tipo “eu sou da minha amada, e ela é minha”, e vice-versa.
Ocorre que também o próprio Deus tem prazer neste pertencimento. Assim, a essência do evangelho, é o anuncio dado pelo Anjo: “eis aqui vos trago boa-nova de grande alegria, que o será para todo o povo; é que hoje vos nasceu, na cidade de Davi, o Salvador, que é Cristo, o Senhor”. Comentando o assunto, Lutero chama a atenção para que este é na verdade a essência dos Evangelhos, que é uma boa notícia, isto é, um presente maravilhoso de Deus. É uma dádiva gloriosa – uma criança, um filho! É uma dádiva pessoal – Ele nos foi dado, nos pertence, a todos nós! Nasceu para o nosso bem, e, com Ele tudo que ele conquistou na Terra é direito nosso, é nossa herança! Por isso a pregação se chama evangelho, o que significa uma boa noticia, que difunde alegria e consolo.
Em contrapartida a este pertencimento divino, também muitos, dentre os quais nos incluímos, pertencemos à família da fé, que traz um componente novo, qual seja a dimensão sobrenatural, institucionalizada na comunidade religiosa (a igreja). Batista Mondim, assim comenta este pertencimento: “No cristianismo, a dimensão social adquire um horizonte infinitamente mais vasto e profundo, porquanto ultrapassa os confins do tempo e abrange também a eternidade. No cristianismo, além da sociabilidade fundada sobre a razão, dá-se também uma sociabilidade baseada na graça: essa estabelece entre os crentes uma comunhão de vida, de intenções, de amor totalmente aplicada para fazer deles um só “corpo”, o “corpo místico de Cristo”. Os homens formam uma só familia, porque são filhos de um mesmo pai, Deus, e irmãos do Filho de Deus que se fez homem, Jesus Cristo”. E, este autor, cita ainda Santo Agostinho em sua abordagem da nossa dupla condição: de pertencermos à civitas terrena (cidade terrena,) e, simultaneamente, sermos cidadãos da civitas dei (cidade de Deus). Ocorre que enquanto a cidade de Deus, se fundamenta no amor de Deus, um amor de tal modo altruísta que não tema chegar ao sacrifício total de si mesmo, da própria vida, a cidade terrena é fundamentada no amor próprio, um amor totalmente cego, egoísta que chega até o ponde de desprezar e renegar a Deus.
Pertencer ao “Corpo místico de Cristo” deve estar no ápice do prazer do pertencimento. Deus deu Cristo à Igreja para Ele ser o cabeça de todas as coisas, e, muito particularmente colocou a Igreja como o “corpo místico de Cristo”. O Corpo porém só é formado quando muitos membros que têm o mesmo Espírito de Deus por dentro, se unem, e unindo uns aos outros formam o corpo. Por dentro temos, então, o Espírito, e por fora temos o Corpo (a igreja, relacionamentos, ...). Esta bela metáfora bíblica destaca então nosso pertencimento mútuo, e bem assim, a Deus, qual um corpo, sobre o qual o apostolo Paulo elabora: “Cristo é como um corpo, o qual tem muitas partes. E todas as partes, mesmo sendo muitas, formam um só corpo. Assim, também, todos nós, ..., fomos batizados pelo mesmo Espírito para formar um só corpo. E a todos nós foi dado de beber do mesmo Espírito. Pois o corpo não é feito de uma só parte, mas de muitas. Se o pé disser: “Já que não sou mão, não sou do corpo”, nem por isso deixa de ser do corpo. Se o ouvido disser: “Já que não sou olho, não sou do corpo”, nem por isso deixa de ser do corpo.Se o corpo todo fosse olho, como poderíamos ouvir? E, se o corpo todo fosse ouvido, como poderíamos cheirar?  Assim Deus colocou cada parte diferente do corpo conforme ele quis.  Se o corpo todo fosse uma parte só, não existiria corpo.  De fato, existem muitas partes, mas um só corpo.  Portanto, o olho não pode dizer para a mão: “Eu não preciso de você.” E a cabeça não pode dizer para os pés: “Não preciso de vocês.” O fato é que as partes do corpo que parecem ser as mais fracas são as mais necessárias,  e aquelas que achamos menos honrosas são as que tratamos com mais honra. E as partes que parecem ser feias recebem um cuidado especial, que as outras mais bonitas não precisam. Foi assim que Deus fez o corpo, dando mais honra às partes menos honrosas. Desse modo não existe divisão no corpo, mas todas as suas partes têm o mesmo interesse umas pelas outras. Se uma parte do corpo sofre, todas as outras sofrem com ela. Se uma é elogiada, todas as outras se alegram com ela.Pois bem, vocês são o corpo de Cristo, e cada um é uma parte desse corpo.”

sexta-feira, 20 de setembro de 2013

EM BUSCA DA SIMPLICIDADE PERDIDA


Simplicidade é uma marca registrada da infância, da inocência, da integridade ,  quando ainda não se tem pensamentos divididos,  e, o que se diz, normalmente,   é o que se pensa, o que se intenciona é autoevidente, sem dubiedades, segundas intenções, ou mesmo hipocrisia. Esta simplicidade foi destacada por Jesus, quando em meio a um auditório amplo, com diversos representantes da sociedade a seu tempo, inclusive muitos sábios, autoridades religiosas, e homens do povo, Ele toma uma criança nos braços para ilustrar a natureza dos habitantes do Reino de Deus, que veio anunciar. Nosso processo de crescimento não obstante, comumente implica a perda de boa parte destas características, que ficam na memória como um horizonte perdido.
A FALTA QUE A SIMPLICIDADE FAZ. A simplicidade traz alegria e equilíbrio. A sua falta, traduz-se na duplicidade, que traz ansiedade e medo. “Internamente o homem moderno está fraturado e fragmentado. Encontra-se perdido num labirinto de realizações competidoras. Num momento ele toma decisões com base na razão, e no momento seguinte o faz por medo do que outros venham a pensar dele. Ele não tem unidade ou foco em torno do qual a vida se oriente. Estamos tentando ser vários “eus” ao mesmo tempo, sem que todos estes “eus” estejam organizados por uma única e dominante vida dentro de nós. Cada um de nós tende a ser, não um simples eu, mas todo um comitê de eus: o eu familia, o eu provedor financeiro, o eu religioso, o eu social, o eu literário, ... E cada um de nossos eus é, por sua vez, um extremado individualista, que grita a plenos pulmões em beneficio próprio, quando chega o tempo  da votação. E estamos infelizes, inquietos, estressados, oprimidos e com medo de sermos superficiais, pois, às margens da vida, chega um sussurro, um chamado enfraquecido, uma premonição de um viver mais rico pelo qual sabemos que estamos passando à margem. Estressados pelo ritmo alucinante de nossos fardos diários externos, estamos também estressados por uma inquietação interior, porque temos pistas de que há um modo de vida muito mais rico e profundo que toda essa existência apressada, uma vida de serenidade, de paz e de poder sem pressa.”
EM BUSCA DA SIMPLICIDADE. O significado da simplicidade na vida atual:
Em nosso relacionamento com as coisas, o desapego. Alguns princípios que consubstanciam a simplicidade: Desacumule - quantidades de coisas que não são necessárias complicam a vida. Recuse ser dominado pela propaganda mercantilista - ansiamos possuir coisas de que não necessitamos nem desfrutamos, e, compramos coisas que realmente não desejamos, para impressionar pessoas e das quais até não gostamos. Recuse tudo quanto gere a opressão de outros (p. ex. produtos de trabalho escravo). Aprenda a desfrutar das coisas sem possuí-la. Crie o hábito de dar coisas. Temos então como beneficio da simplicidade: Se recebemos o que temos como um dom, se o que temos recebe o cuidado de Deus, e, se o que temos está disponível aos outros, então seremos livres de ansiedade”. Conselho de John Wesley para se livrar da ganância: “fazer todo o bem possível, usando de todos os meios possíveis, de todas as maneiras possíveis, em todos os lugares possíveis, em todo o tempo possível, a todas as pessoas possíveis, enquanto for possível.”
Em nosso relacionamento com as pessoas, a linguagem clara e honesta. Devemos seguir as instruções de Jesus: “Seja porém a tua palavra: sim, sim; não, não”. Esta atitude de simplicidade, natural na infância, foi se perdendo, ao longo dos anos, como um custo para se obter sucesso na vida. Nesse ínterim nossa linguagem tornou-se dúbia, para adaptar-se ao vão desejo de controlar a realidade, na intenção de assegurar o sucesso.
A simplicidade começa no foco e na unidade interior. A vida deve ser vivida a partir de um centro. Só existem dois centros absolutos possíveis: eu ou Deus; e eles são mutuamente exclusivos. Quando a vida com Deus é o centro da existência, tudo o mais é remodelado e integrado por ela. “Ela dá a simplicidade dos olhos. Nosso verdadeiro problema na falha em nos centralizarmos, não é falta de tempo, é antes, falta de prazer alegre e entusiasmado na Sua presença. A partir desse centro santo vem as comissões da  vida. Nossa comunhão com Deus também se manifesta em nosso interesse pelo mundo. Ela nos faz ver as necessidades do mundo de um modo novo”. É pelo fato de não colocarmos Deus como centro absoluto, em torno do qual deve girar nossas vidas que nossa necessidade de segurança nos tem induzido a um apego insano às coisas, assim como ao dinheiro, coisas que passam, então, a desempenhar o papel de deuses (falsos), e, que consubstanciam formas de idolatria na atualidade. Além disso, quando o “eu” é o centro absoluto, as faculdades da alma – mente, afetividade, vontade – costumam ficar divididas, cada uma puxando numa direção, fomentando a duplicidade, que traz ansiedade e medo. A centralização em Deus, entretanto, mantém todas as faculdades da alma polarizadas numa só direção, semelhante a um estado de enamoramento, que é o distintivo da simplicidade. Talvez aí resida o segredo buscado para reencantar a vida, redescobrir o horizonte perdido.
“A simplicidade é o último degrau da sabedoria”. Khalil Gibran
“Porque a nossa glória é esta: o testemunho da nossa consciência, de que com simplicidade e sinceridade de Deus, não com sabedoria carnal, mas na graça de Deus, temos vivido no mundo, e de modo particular convosco”. Apostolo Paulo

Fontes:  Um testamento de devoção, Thomas Kelly
    Celebração da disciplina, Richard Foster     



terça-feira, 20 de agosto de 2013

CRESCIMENTO SUSTENTADO PELA RENOVAÇÃO DA MENTE




Tudo que é vivo tende a crescer, e a se desenvolver. Isto é o natural, e, no caso do ser humano, motivo de alegria. De uma forma geral, podemos dizer que, crescemos fisicamente até os 25 anos, profissionalmente até os 60 anos, por ocasião da aposentadoria, conquanto nas faculdades da alma - do intelecto, da emoção e da vontade - este crescimento, dito espiritual, possa ocorrer de forma sustentada, e, como tal não ter fim. Um dos fatores deste crescimento sustentado é pela renovação da mente, e a mente é renovada aplicando-se a ela as coisas que a transformarão.
Segundo Richard Foster, em “Celebração da Disciplina”, “podemos renovar a mente aplicando a Disciplina do Estudo. “Estudo é um tipo específico de experiências em que mediante cuidadosa observação de estruturas objetivas, levamos os processos de pensamento a se moverem numa determinada direção. Por exemplo, tomemos o estudo de um livro. Nós o vemos e o sentimos, e à medida que o estudamos, nossos processos de pensamento assumem uma ordem que se conforma à do livro. Quando feito com concentração, percepção e repetição, formam-se hábitos arraigados de pensamento. Os arraigados hábitos de pensamento que se formam, conformar-se-ão à ordem da coisa que está sendo estudada. O que estudamos determina que tipos de hábitos devem ser formados”. Também o apostolo Paulo diz que o modo de sermos transformados é mediante a renovação da mente, e por isso insistia em que nos ocupássemos das coisas que são verdadeiras, respeitáveis, justas, amáveis e de boa fama.
Duas condições paradigmáticas do crescimento:
·        pró-crescimento – Diligência
·        anti-crescimento - Preguiça.
Diligência, “em ética, encontramos que é a virtude humana de seguir um objetivo de vida, até chegar ao fim do objetivo. A palavra diligência vem do verbo latino diligere, que significa amar; diligens (diligente) significa aquele que ama. Remédio para a preguiça, a virtude da diligência consiste no carinho, alegria e prontidão (diferente de pressa) com que pensamos no bem e nos dispomos a realizá-lo da melhor forma possível”.
Preguiça, “comumente associada com a lei do menor esforço, o caminho mais fácil, não se resume na preguiça física, mas também na preguiça de pensar, sentir e agir. A crença básica da preguiça é “não necessito aprender nada”, levando a um movimento limitador das idéias e ações no cotidiano e traduzido pelo “deixa para depois”. A origem da palavra vem do hebraico “atséi”, que pode ser traduzido por lentidão ou indolência.”
Insights sobre o crescimento (do renomado psiquiatra e escritor M. Scott Peck):
“O processo de crescimento espiritual é difícil e trabalhoso. O obstáculo maior a essa evolução espiritual, em última análise é a preguiça. A preguiça é vista como a tentativa de evitar o esforço e eventual sofrimento inerente ao processo de crescimento espiritual. A natureza da preguiça, é que ela é a força de entropia (enquanto decaimento das formas mais organizadas para a mesmice, e o caos) se manifestando em nossas vidas. A preguiça assume várias formas, e uma dessas formas é o medo. Grande parte do nosso medo é o temor de uma mudança no status-quo, de perdermos o que temos se tentarmos ir mais longe.”
“O que torna difícil a vida é que o processo de enfrentar e resolver problemas é penoso. Segundo sua natureza, podem causar sentimentos de frustração, pesar, mágoa, tristeza, solidão, culpa, ira, medo, angustia ou desespero. Mas, é no processo de enfrentar e resolver problemas que a vida adquire seu valor. São eles a lâmina cortante que separa o êxito do fracasso; criam a coragem e a sabedoria; através deles, nos desenvolvemos mental e espiritualmente. Agora bem, o único modo de resolver um problema é encontrar  a solução. Problemas não examinados plantam-se como barreiras”.
“Com um mapa ultrapassado. No processo de enfrentar problemas, nossa percepção da realidade funciona como um mapa. Com um mapa exato e verdadeiro, saberemos onde estamos, poderemos decidir para onde ir, e geralmente lá chegaremos; com um mapa confuso e inexato estaremos perdidos. Isto coloca desde logo a questão de que é necessário e constante a revisão desses mapas para levar em conta novos aspectos da realidade. A maioria das pessoas, porém, considera excessivo este esforço... aferram-se a estes referenciais do passado e lutam em todas as etapas do novo roteiro. Por isso quase sempre lutam contra uma nova informação ao invés de incorporá-la. Sua resistência é motivada pelo medo, cuja base é a preguiça; o medo do trabalho que teriam de realizar.
“A força do Amor. A força que nos impulsiona, como indivíduos e como espécie, a crescer, apesar da resistência, natural da nossa própria letargia, é o amor. O amor pode ser definido também como a vontade de se esforçar para nutrir o próprio crescimento espiritual ou o de outra pessoa. A preguiça ordinária é o não-amor; o não amor como a recusa de esforçar-se. O mal é o anti-amor.”
Testemunhos: Com saudades, relembro da mestra Estrella Bohadana, Filosofa, Professora de Mestrado em Educação e Cultura Contemporânea. Depois de uma militância política intensa,  tornou-se uma filosofa na acepção da palavra, com uma entrega amorosa pela matéria. Para um grupo de aprendizes, a quem ministrava ensinamentos informais de Filosofia, do qual eu fazia parte, confidenciava que, doravante, seguia uma  disciplina com dedicação exclusiva e intensiva no estudo, ensino e compartilhamento da Filosofia, para o que tinha aberto mão mesmo, de qualquer diversão que pudesse ocupar seu tempo.
Com aplausos de admiração destaco ainda nossa Primeira bailarina  Ana Botafogo, que em entrevista recente, ao ser indagada sobre o segredo do seu sucesso, pontificava: “determinação, disciplina e muito trabalho. Minha rotina é a mesma de 32 anos atrás. Começo o meu dia com uma primeira aula de 1h30m. Depois sigo com muitas horas de ensaio.... a vida de bailarina é treinar e ensaiar sempre”.
Concluimos com o pensamento de que, de uma forma geral, a vida pode ser comparada com uma corrida de obstáculos, que exige esforços, tendo como prêmios: ter+ (p. ex. prosperidade); ser+ (consciente, solidário, realizado, feliz,...); conhecer+ (crescimento espiritual). No meio desta corrida são repetitivos os obstáculos a ultrapassar, e, aos 65 anos de idade, destaco como meus desafios recorrentes, as barreiras da preguiça e do medo, requerendo maior esforço e atenção na busca de  conhecer mais. E, a reflexão de Scott Peck de que na minha luta pessoal pela maturidade, pouco a pouco estou me tornando mais consciente de novos insights, que tendem a querer fugir de mim.” 

quinta-feira, 18 de julho de 2013

NÃO POSSO PARAR DE LUTAR...


Estamos vivenciando em nosso País, um momento diferente, provocado pelos movimentos pacíficos das ruas, em protesto contra uma situação injusta que nos assola desde há muito, e, que chegou a limites que já não dá mais para agüentar calados, no contexto sócio-econômico-político atual do País. Certamente que faz parte da luta de cada um, apoiar reivindicações justas contra quem de direito, repudiar a prática contumaz da corrupção desavergonhada, escancarada pelos desmazelos dos serviços públicos de baixa qualidade, quando não ausentes, pela falência de instituições políticas absurdamente corruptas, e, que mais do que uma simples onda do momento, são um grito de basta! Para esta luta, também sinto-me convocado.
Fortalece-nos lembrar que a luta, e não o descanso, é a nossa condição básica, em um mundo onde há dor e sofrimento. Onde ainda nos assombra a prepotência dos maus – que, não obstante, prosperam, e ensejou que um autor de salmos bíblicos elevasse seu questionamento ao próprio Deus - bem como as doenças e privações, e, os reveses coletivos provocados pelos desastres naturais que, não raro, culminam na morte, mormente dos desafortunados.
Destacamos aqui, a luta no âmbito das estruturas viciadas da  sociedade, onde prolifera a erva daninha da corrupção. Por oportuno, a revista Ultimato em sua edição de julh-ago 2013, traz como artigo de capa “Corrupção ...”, do qual destaco: “um índice mundial para medir o nível de corrupção de uma nação, fornecido pela ONG Transparência Internacional, que indica o grau de corrupção entre os funcionários públicos e políticos, em 2012, dava ao Brasil o 69º lugar, com o índice 43, em que 100 indica ausência de corrupção.” E, “por volta do ano 60 da era cristã, um homem chamado Tiago (um dos discípulos), que se apresenta como servo de Deus e do Senhor Jesus Cristo”, escreveu uma carta a “todo o povo de Deus espalhado pelo mundo inteiro”. A braveza com que ele trata os ricos corruptos é visível. ... A acusação de Tiago naturalmente inclui os inocentes que são mortos por falta de socorro da parte dos mais ricos e poderosos, por falta de consciência social e da ação prática e urgente do governo, da sociedade e da igreja. Por causa da ganância dos ricos e da omissão das instituições, as crianças morrem de fome e frio, os jovens morrem jovens e não na meia-idade, os de meia-idade morrem na maioridade e não na velhice. Os ricos corruptos sempre diminuem a longevidade dos mais pobres por absoluta ausência de consciência social!.
Cabe lembrar, que, na realidade, nossa frente de luta é muito mais ampla; compartilho da crença de que nossa batalha, diária, desenvolve-se: no mundo (contra as ameaças do meio em que se vive, onde se incluem a opressão das estruturas viciadas da sociedade, e as catástrofes na Natureza); na dimensão pessoal, interior (contra a carne enquanto inclinação natural de nosso ego corrompido, cujas obras mais evidentes são, imoralidade sexual, impureza e libertinagem, idolatria e feitiçaria, ódio, discórdia, ciúmes, ira, egoísmo, dissensões, facções e inveja, embriaguez, orgia e coisas semelhantes); e, na dimensão do mundo espiritual (contra as investidas das potestades do ar, personalizadas no Diabo e seus Anjos caídos, no campo de batalha pelo controle da nossa mente, e a ameaça da morte como o último destes inimigos a ser vencido).
Há que se considerar ainda a dimensão transcendental do mal. Significa dizer que existe uma raiz mais profunda, comum a todas as frentes de luta, anteriormente mencionadas, e assim, subjacente também às situações de opressão e injustiça, e, que se consubstancia na realidade do mal. E, para nós cristãos, se coloca o questionamento, de que, se o Criador é tão bom e poderoso, como então se explica a existência deste mal enraizado e disseminado por toda a Sua Criação? Sabemos pelos relatos bíblicos que tudo foi originalmente criado bom ! assim o homem, o mundo natural, e, podemos deduzir, os seres celestiais. Somos informados também de uma revolta envolvendo alguns Anjos, e, que oportunamente, seduziu, enganou, e fez o homem pecar (a palavra “Pecado” é um termo comumente utilizado em contexto religioso, descrevendo qualquer desobediência à vontade de Deus; em especial, qualquer desconsideração deliberada das Leis Divinas) introduzindo em nosso meio o mal, que contaminou também o mundo natural. Remanesce a questão: porque existe então o mal? qual é afinal a origem primeira do mal? Refletindo sobre o assunto, o consagrado autor Christopher Wright, em seu livro “O Deus que eu não entendo”, pondera, de forma bem fundamentada, que “Deus revelou a nós uma grande quantidade de verdades na Bíblia – sobre si mesmo, sobre a criação, sobre nós, nosso pecado, o plano da salvação, o Evangelho de nosso Senhor Jesus Cristo, o destino futuro do mundo e assim por diante.” Mas, constata que ocorre “o silêncio da Bíblia sobre a origem definitiva do mal... A verdade é que Deus escolheu, em sua sabedoria, não nos dar respostas para nossas perguntas sobre a origem definitiva do mal dentro da criação... Então, quero me habituar com o entendimento de que o Deus que eu não entendo, escolheu não explicar a origem do mal; em vez disso, escolheu chamar minha atenção para aquilo que Ele tem feito para lutar contra o mal e destrui-lo”. Não obstante,” há algo sobre o mal moral e espiritual que pode ser explicado – isto é, que muito dele está, de alguma forma, relacionado (direto ou indiretamente) com a maldade e a corrupção humana.”
Concluímos com a letra da canção inspirada da Pastora Ludmila Ferber,
Nunca pare de lutar
O que vem pra tentar ferir
O valente de Deus
Em meio às suas guerras?
Que ataque é capaz
De fazê-lo olhar pra trás
E querer desistir ?
Que terrível arma é
Usada pra tentar paralisar sua fé?
Cansaço, desânimo
Logo após uma vitória
A mistura de um desgaste com um contra-ataque do mal
A dor de uma perda, ou a dor da traição
Uma quebra de aliança, que é raiz da ingratidão
Se alguém está assim, preste muita atenção
Ouça o que vem do coração de Deus:
Em tempos de guerra, nunca pare de lutar
Não baixe a guarda, nunca pare de lutar
Em tempos de guerra, nunca pare de adorar
Libera a Palavra, profetiza sem parar
O escape, o descanso, a cura
A recompensa vem sem demora”

P.S. uma das principais formas de luta dos profetas é a denuncia do mal.