domingo, 19 de julho de 2015

SOBRE CORRUPÇÃO E ÂNSIA DE VISIBILIDADE




Uma previsão feita há mais de 2.000 anos, descreve assim nossos dias: haverá  homens amantes de si mesmos, avarentos, presunçosos, soberbos, blasfemos, desobedientes a pais e mães, ingratos, profanos, sem afeto natural, irreconciliáveis, caluniadores, incontinentes, cruéis, sem amor para com os bons, traidores, obstinados, orgulhosos...”.
Eventualmente alguns, com estas disposições bem latentes na alma, encontrando oportunidades propícias, tornam-se corruptos, com destaque para as instâncias onde ocorre maior concentração de poder, envolvendo, dentre outros, o meio político,  a alta administração pública, e o seleto grupo do alto empresariado do País, como aqueles tristemente famosos da “Operação Lava-jato”.
Na mesma linha, “na cultura midiática brasileira, a Lei da Vantagem ou Lei de Gérson é um princípio em que determinada pessoa ou empresa deve obter vantagens de forma indiscriminada, sem se importar com questões éticas ou morais (princípio seguido por uma parcela de agências e publicitários, que recebem pagamento por anúncios ou premiações pelo trabalho realizado, mas não querem se responsabilizar caso o efeito da divulgação cause transtornos ou danos, eximindo-se de culpa e a transferindo para o anunciante ou para o público). A "Lei de Gérson" acabou sendo usada para exprimir traços bastante característicos e pouco lisonjeiros do caráter midiático nacional que passa a ser interpretado como caráter da população, associados à disseminação da corrupção e ao desrespeito a regras de convívio para a obtenção de vantagens.”
Também aquilo que se apelidou de “ética de conveniência”, muito em uso entre políticos conhecidos por “ficar em cima do muro”, e deliberadamente relativizar a verdade. Olhando por esta ótica parece não haver remédio, e, a corrupção é mesmo endêmica, apenas uma questão de chance.
Em artigo publicado na Ultimato jul-ago 2013, intitulado “A corrupção: causas e reações”, o renomado sociólogo cristão Paul Freston, comenta algumas causas da corrupção e como mitigá-las, do qual destacamos: “A corrupção do pecado é um estado teológico geral: está em todos nós e em todas as instituições... A corrupção se relaciona com as instituições, mas também com a cultura e as características das lideranças.... É impossível chegar à “corrupção zero”, porque existe a corrupção por necessidade e a corrupção por ganância. O governo pode combater a corrupção por necessidade com salários mais altos, porém o corrupto por ganância continuará corrupto mesmo com o salário mais alto do mundo (vide nossos Dirigentes corruptos da Estatal)... A corrupção quase nunca tem causa única. Por isso é necessário combatê-la em várias frentes ao mesmo tempo e durante muito tempo. Algumas medidas anticorrupção afetam as políticas e as prioridades do Estado... Algumas medidas que são aconselháveis no combate à corrupção são consideradas desaconselháveis por causa da ideologia do governo ou de outras prioridades adotadas por ele. Nem sempre a escolha é simples. Às vezes é necessário negociar para se adotar uma medida que reduza a corrupção, mas que, ao mesmo tempo, pode trazer prejuízos políticos.
Em outro artigo da mesma revista Ultimato, de julho/agosto 2015, a ex-senadora Marina Silva,  pondera sobre o sentimento afim, de ânsia por visibilidade, e destaca “reconhecer o trabalho e a atitude de pessoas que atuam sem alarde e persistem na integridade, no respeito, no compromisso é um importante aprendizado... Ansiosa busca por visibilidade e status é marcante em todos os ambientes de vida social em nossos dias. Na política e na gestão públicas essa ansiedade tóxica obscurece os fundamentos de todo serviço: a humildade e a disponibilidade para o outro. É nas menores transformações, nas melhorias de pequenas parcelas cumulativas, que podemos pacientemente produzir um resultado significativo ... Precisamos não de visibilidade espetacular, mas de firmeza de propósito e fidelidade a valores por parte dos que trabalham no serviço público em favor do bem comum, em lugar do querer se dar bem. É importante que aprendamos a reconhecer e a dar sequência ao trabalho e à atitude das pessoas que, em diversas posições na sociedade, trabalham sem alarde e persistem na integridade, no respeito ao outro, no compromisso ao que foi decidido. Desses singelos frutos colhidos no cotidiano de pessoas e povos é que nascerão as mudanças sociais, políticas, culturais e econômicas das nações. A dignidade espiritual desde as pequenas coisas, na humildade do serviço mais simples, é a base da elevação de todos.”
Na escala das realizações individuais, são muitos os exemplos cotidianos, de anônimos, sem quase visibilidade, que mostram uma outra realidade, do dia-a-dia do homem comum, vocacionado para o trabalho honesto, que lhe rende o pão de cada dia, seja no emprego com carteira assinada, seja na prestação de serviço avulso, desde o mais simples trabalhador ambulante pedindo por algum serviço que possa realizar - em vez de pedir esmolas – ou o professor abnegado de uma longínqua escola pública no interior, improvisando com parcos recursos, facilidades didáticas para quem não tem acesso, e, bem assim, as mais diversas iniciativas de voluntários engajados na promoção do próximo, etc.

Finalmente, o conselho consequente do apostolo Paulo, numa carta ao seu discípulo Timóteo, em relação ao prognóstico mencionado no inicio: Sabe, porém, isto: que nos últimos dias sobrevirão tempos trabalhosos. Porque haverá homens amantes de si mesmos, avarentos, presunçosos, soberbos, blasfemos, desobedientes a pais e mães, ingratos, profanos, Sem afeto natural, irreconciliáveis, caluniadores, incontinentes, cruéis, sem amor para com os bons, Traidores, obstinados, orgulhosos, mais amigos dos deleites do que amigos de Deus, Tendo aparência de piedade, mas negando a eficácia dela. Destes afasta-te”. 2 Timóteo 3:1-5