sexta-feira, 27 de agosto de 2010

"IN MEMORIA"



Um dos sinais graves da terceira idade, é constatar que, significativa parte daqueles com quem já convivemos, “já passaram à eternidade”. Destes, guardamos porém, uma particular, profunda, reverente, e multiforme saudade. São lembranças que mantêm o passado vivo, presente, pois fizeram parte da nossa vida, e deixaram marcas indeléveis, a começar pelos nossos Pais, e incluindo parentes e amigos, colegas, e os quase-anônimos, que, não obstante, nos impactaram positivamente. Lembrar cada um, é um privilégio imenso, e um presente bem guardado no nosso banco de dados pessoal, nosso subconsciente. Vez por outra trazemos à memória, uma fisionomia, uma situação, uma palavra, uma expressão, sempre acompanhado da nostalgia de tempos que não voltam mais. Verificamos assim, que, à medida que o tempo passa, mais são “os que já não estão entre nós”, e com isso cresce a saudade e o anseio de relembrar, junto com nosso preito de gratidão, e de homenagear , na intimidade do nosso ser, a dádiva de suas vidas. Recordações que nos fazem mais humildes perante a vida, e desejosos de nova oportunidade de convivência, o que, por enquanto, só a fé pode respaldar.
No meio destas reminiscências, registramos que, da nossa turma da Faculdade, apesar de que foram apenas cinco anos de convivência diária, sua marca indelével, se propaga até hoje, e com pesar vejo a cada ano a inclusão de mais sinais de ausências, na relação que circula daquela turma tão especial; do trabalho foram muitos companheiros leais e partícipes da nossa produção, dita econômica; da família, incluem-se em maior número aqueles que chegaram ao fim de uma vida longeva, e a quem recorríamos, com alegria, por “saberem de tudo”, na condição de avós e tios, todos mui queridos; da Igreja, novos e idosos, irmãos que deixaram exemplos de vidas virtuosas e piedosas; da infância e da vizinhança são recordações despretenciosas, e até bobas, mas nem por isso menos relevantes, porque únicas. “ Cada uma dessas relações, cada uma dessas amizades, é mais do que um caso inesquecível, um tesouro inestimável, pois todos nos moldaram, fizeram-nos, formaram-nos de um modo particular, marcaram-nos para sempre e por isso fazem parte da nossa eternidade”. A todos, e a cada um em particular, somos devedores, de uma dívida impagável, pela montanha de benefícios que nos proporcionaram, e hoje, suas recordações formam grande parte de nosso patrimônio maior. Muito obrigado é muito pouco, mas simboliza a falta de palavras que traduzam sua importância como estrelas que continuam brilhando em nosso jornadear de vida.

quarta-feira, 25 de agosto de 2010

NOSSAS OCUPAÇÕES E PREOCUPAÇÕES



“ Demasiados afazeres, demasiadas responsabilidades, demasiadas oportunidades, demasiados detalhes importantes para cuidar”, caracterizam grande parte da ocupação da maioria das pessoas na atualidade.
Até passamos a nos identificar por nossas ocupações, assim, por exemplo, nos apresentamos como engenheiros,... trabalhando na.... Ainda mais, síndrome da urgência, em nossas ocupações na atualidade, estamos sempre correndo, sempre com muita pressa.
Também o “medo de ficar sozinhos nos impulsiona para o barulho e para as multidões”, com a atenção fortemente dirigida pelos meios de comunicação. Estes ainda são uma forma para mantermo-nos sempre com a mente ocupada, no dia a dia.
Não somente ocupados, mas também estamos constantemente preocupados, compulsivamente, sobre o que pode nos acontecer no futuro, especulando com uma infinidade de cenários imaginados. Esses pensamentos e essas imagens, numa procissão infinita, são ladrões do tempo, pois roubam a nossa atenção, e por conseguinte nosso tempo.
Apesar de estarmos muito ocupados e preocupados, quase nunca nos sentimos, satisfeitos, realizados, e em Paz. Um sentimento de insatisfação permanece sob a superfície das nossas vidas ocupadas, e dentre estes, o enfado,o ressentimento e, não raro, a depressão.
O que nos faz falta? Certamente, de alguma ocupação que nos traga a sensação de realização, de um tempo bem aproveitado, tempo significativo - em oposição à mesmice, ao tempo desperdiçado - quando sentimos conscientemente que estamos vivenciando algo de valor permanente, que nos satisfaz, e nos preenche (de significado), e nos realiza; tem a ver com algum sentido da vida, conforme acentuado por Viktor Frankl, criador da Logoterapia, que é exatamente uma terapia centrada em encontrar sentido para o que fazemos; assim como, criar um filho, plantar uma árvore e escrever um livro, segundo o dito popular.
Jesus critica esta condição, de estarmos cheios, porém não realizados, muito atarefados porém desligados, em todo lugar, porém nunca em casa, e chama-nos a atenção: “não vos preocupeis... buscai, pois em primeiro lugar, o Reino de Deus”. Isto não é uma fuga da realidade, mas antes uma forma sui-gêneris de nos ocupar dia a dia. E o que significa este chamado? Significa, parafraseando uma expressão empregada pela Ciência, que somos convidados a “ver as coisas dos ombros de Deus”, da perspectiva de Deus. Só assim, podemos ter uma visão correta, mais abrangente, daquilo que pode melhor nos ocupar o tempo com real valor, ensejando uma sensação de plenitude, de realização, de Paz! Além disso, cansa menos (somos carregados), temos uma visão mais ampla (em seus ombros), e nos encanta a cada minuto (um tempo significativo). Porque não tentar? afinal a barreira do pré-conceito (idéias errôneas do Reino de Deus), pode ser ultrapassada!
(extraido e adaptado de "CRIAR UM ESPAÇO PARA DEUS", por Henri Nouwen)