quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

O ENCANTO DA SÉTIMA ARTE


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Um dos meus hobbies recentes é selecionar bons filmes de Locadoras; dentre estes, mais recentemente, “O carteiro e o poeta”, “Cria Cuervos”, “Asas do desejo”, “Tempo redescoberto”(Proust), “Ponto de mutação” (papo cabeça do livro homônimo). Esta noite deleitei-me com “Morangos Silvestres”, de Ingmar Bergman. Filme antigo, em preto e branco, sem a parafernália dos efeitos especiais, e muito menos a violência explícita de socos e pontapés da atualidade. São de um outro tempo, quando os espectadores, pelo menos os aficcionados, curtiam outros valores.

No caso, o filme é uma inspirada reflexão sobre a velhice, quando finalmente podemos contemplar e curtir as próprias memórias, e delas extrair belas lições de vida, impossíveis de serem aprendidas nos cursos e livros, porque muito particulares; e, ao mesmo tempo muito universais e permanentes.
Considerado um dos mais belos filmes sobre a velhice, seu enredo mostra um professor de medicina relembrando os principais momentos de sua vida, ao ensejo em que teme a morte que se aproxima, a caminho da Universidade onde receberá um premio pelos 50 anos de carreira.
Chamou-me particular atenção, além do enredo inspirado e da bela performance dos atores, o fato de que o personagem principal, em suas reminiscências, tinha um comportamento extremamente racional e aparentemente sensato, mas que ao final, se revela, egoísta, e auto-centrado, ainda que não necessariamente mal, no sentido de agredir o direito dos outros. Muito pelo contrário, trata-se de um personagem, extremamente auto-contido, abrindo mão, inclusive, de impulsos genuínos de amor próprio, como ao perder seu amor de infância, para seu irmão. Enfim, os que se fazem de bonzinhos, nem sempre são os mais carismáticos. E, a lição de vida principal, que guardei, emoldurada pela circunstância da terceira idade, é exatamente a grande oportunidade, que podemos comumente desperdiçar, ao vivermos limitados pelos nossos preconceitos, descartando belas oportunidades de convivência, com maior atenção para os outros, de certa forma, abrindo mão do autocontrole, mesmo em detrimento da aparente segurança, que na realidade pode se converter na prisão da racionalidade do amor próprio.
P.S. “saber que pelo menos uma vida respirou com mais facilidade porque tu viveste; isto é ter tido êxito” (Walt Whitman)