quarta-feira, 19 de junho de 2013

NOSSAS AÇÕES DE CADA DIA


A idéia de ação. “Uma ação é um certo tipo de coisa que uma pessoa pode fazer. Em geral, não se considera que haja ações feitas por objetos inanimados, como o sol, que brilha, mas sem intenção. Por outro lado, pode-se considerar que um ser humano age, mesmo quando não tem uma intenção específica”. A tragédia de uma ação repetitiva e sem sentido. “Sísifo, é uma personagem da mitologia grega, condenado a repetir sempre a mesma tarefa de empurrar uma pedra de uma montanha até o topo, sendo que, toda vez que estava quase alcançando o topo, a pedra rolava novamente montanha abaixo, até o ponto de partida, por meio de uma força irresistível”. A imagem trágica que podemos formar evoca o inferno em que pode se encerrar uma vida circunscrita a uma ação repetitiva, sem sentido.
Um sentido para nossas ações de cada dia – renovação e progresso. Renovar é fazer nova cada oportunidade, e, neste sentido, não existe, a mera repetição; e, progresso indica a existência de um sentido de melhorar, a cada dia. A busca, de renovação e de progresso dá  sabor e qualidade de vida, e, são como bussolas para orientar nossas ações. Diz o sábio que vivemos mais plenamente, na medida em que caminhamos voltados para o dia de amanhã. Cada dia que passa, somos os mesmos; mas é estupendo pensar que estamos chamados a estreiar algo cada manhã. É o fato da novidade o que depara ao futuro seu fascinante atrativo; o que carrega de ilusões as baterias de nosso espírito. E, sem embargo, não basta com querer ou desejar o novo; é mister mostrar que o novo é possível e que tem um fator capaz de produzi-lo. Mais ainda, para que o novo apareça, há que trabalhá-lo. Não cruzar-se os braços e esperá-lo passivamente. A evolução tem suas próprias leis, mas talvez, a mais importante seja a do trabalho e a do progresso. Somos chamados a progredir, trabalhando; isto é, Deus nos pôs aqui com inteligência e duas mãos, para irmos transformando a nós mesmos, e  ir, pouco a pouco, transformando o mundo em que vivemos. E à medida que construímos o mundo, o empurramos para o futuro.” Por oportuno, aprendemos, com a Revelação de Deus nas Escrituras, que também no Céu também haverá progresso, em conhecimento, em amor, e em alegria. Em cada estágio do desenvolvimento espiritual encontramos uma glória mais profunda. Assim pois, vamo-nos tornando mais e mais gloriosos em nossos próprios seres. Um bom ingrediente para nossas ações: temperá-las com bom humor. Afinal, “a vida é bela”, e, mesmo nas piores circunstâncias, “o humor ainda pode encontrar motivo para sorrir, que é a mensagem do comovente filme de mesmo nome. Já se disse que o humor é o revés do amor. Graças a este humor, que sempre podemos converter em amor, a vida pode desfrutar-se e até, em ocasiões, suportar-se. Há anciãos alegres, otimistas, que distribuem generosamente sabedoria e bom humor. E, há jovens, que levam a vida como velhos com as ilusões congeladas, a esperança abaixo de zero, e a alma enrugada.
O valor transcendental das nossas ações. Um dos pensamentos que muito me impactou  desde a juventude, e, que sempre trago à memória, é o comentário do padre e paleontólogo Teilhard Chardin, à recomendação do Apostolo Paulo de que “tudo que fizerdes, fazei-o em nome de Nosso Senhor Jesus Cristo”; o que implica dizer, fazei-o muito bem feito, com todo o coração. Ele então considera uma solução incompleta a interpretação de que “a ação humana vale, e só vale pela intenção com que é feita!. E pondera: “no seio do nosso Universo, toda a alma é para Deus, em Nosso Senhor. Mas, por outra parte, toda a realidade, mesmo material, à volta de cada um de nós, é para a nossa alma. E, agora, ajuntamos nós, no nosso Universo, onde todo o espírito vai para Deus, em Nosso Senhor, todo o sensível, por sua vez, é para o Espírito”.
Quando chega a terceira idade, e, a aposentadoria. O assunto torna-se mais objeto de atenção por ocasião da chegada da terceira idade, e da esperada aposentadoria. Uma das ameaças/oportunidades na perspectiva da aposentadoria, é sobre o que vamos fazer doravante. E, um cenário comum é a falsa idéia de que já não se tenha o que fazer, que pode também estar associado com o medo de que venha a faltar meios de manter um padrão de vida salutar. Equacionado esta questão, remanesce o problema do ócio compulsório, indesejado. São conhecidos as estatísticas dos que adoecem, e, não raro, podem ter a vida encurtada, pelo sentimento de inutilidade, de mesmice, quando suas ações já não têm qualquer valor de mercado, por assim dizer. Fomos assim ultrapassados e substituídos no jogo da vida. A questão de fundo, é que não existiria mais perspectiva de progresso doravante, este sim um grande mal. Voltando ao autor inspirado em quem nos baseamos: A vida é uma realidade continua, na qual vamos acumulando saberes, experiências, habilidades. E também, virtudes e vícios. Há jovens velhos, e há anciões muito jovens. Cada instante vivido com intensidade é um presente de Deus. Teríamos que dar graças por cada dia que amanhece, pelo cansaço acumulado e pelo sono reparador de cada noite. Viver  a vida, em cada instante e em cada momento, com a ilusão de que sempre tem algo que estreiar. Fazer planos para o amanhã, ainda que já se tenha mais de 90 anos. E dar sempre graças a Deus,  já que a vida é um dom. Urge, não obstante, ir reparando as goteiras que vão aparecendo no edifício de nosso corpo; e, também, do nosso espírito, que as vezes tanto descuidamos.” E, finalmente, envelhecer é ir-se desprendendo lentamente de toda carga inútil; é aprender a viver com pouco; é submergir-se no essencial; é quedar-se com o imprescindível atuando. Envelhecer é volver a viver na recordação do já vivido; é mostrar com um sorriso as cicatrizes do passado. Envelhecer é voltar a desfrutar com um livro já lido, e reler e reler, sempre com renovado entusiasmo, os quatro ou cinco livros que sempre nos tocaram mais. Envelhecer é reconciliar-se com  tudo: com o corpo que dói, com a alma insatisfeita, com a cruz de cada dia.  Envelhecer é gritar menos, deter a pressa,... é toda uma escola de vida. Envelhecer é dar graças por haver chegado.
(textos de “El arbol de La cruz”, de Eduardo de La Hera)