sexta-feira, 12 de abril de 2013

LEIS DA FÍSICA E LEIS DA VIDA



Na vida estudantil, e já vão muitos anos, sempre tive fascinação pelas grandes sínteses, tais como as Leis da Física, poucas e supersintéticas, consistentes, e de aplicação geral, capazes de explicar uma infinidade de fenômenos que interagem, e, bem assim, interligam coisas aparentemente tão distintas, como força, movimento, matéria, energia, e consciência. É como estivesse atingindo o essencial, de cada coisa, de cada fenômeno. Assim, na Física temos as leis da Mecânica, de Newton, que explicam o movimento dos corpos,  e as relações destes com as forças, causas destes movimentos. Por estas leis, entendemos a dinâmica do Universo, e, em particular, o movimento do nosso sistema solar,  consoante a lei de atração entre dois corpos celestes, e que se traduz na gravidade, quando envolve nosso planeta  Terra. Posteriormente Einstein, relativizou alguma dessas leis, e estabeleceu, genialmente, a famosa relação entre matéria e energia. Destaco ainda o  princípio da conservação de energia (a energia pode ser transformada de uma forma em outra, mas não pode ser criada nem destruída), e, o princípio da entropia crescente (que mede a degradação natural das formas de energia em calor). Num Universo como tal, a ordem é o menos provável e o caos o mais provável.
Ocorre que “enquanto o Universo como um todo, tende a deteriorar-se, existem,entretanto, enclaves locais, cuja direção parece ser oposta, e nos quais há uma tendência limitada e temporária ao incremento da organização. A vida encontra seu habitat em alguns desses vínculos”. Para um cientista contemporâneo, expoente da Física Quântica, “a vida parece ser dotada de um comportamento bem ordenado e regrado, não exclusivamente baseado na tendência desta, de passar da ordem para a desordem, mas antes, baseado parcialmente em uma ordem existente que é mantida, e assim escapar do decaimento da entropia”. Este é também o pensamento compartilhado por Teilhard de Chardin ( 1881 — 1955),  padre jesuíta, teólogo, filósofo, e paleontólogo francês, que buscou construir uma visão integradora entre ciência e teologia. Para Chardin, a “consciência” substitui a entropia, no seu valor de função física essencial do cosmo, e, a “energia espiritual”, substitui a energia material. E formulou, então, uma relação entre esta  “energia espiritual” e a consciência, uma espécie de lei da vida: “o mundo desenvolve-se no sentido de uma crescente complexidade. Este aumento de complexidade externa associa-se, nas últimas fases do processo evolutivo, a um aumento correspondente da consciência.  E, ainda uma lei de socialização, segundo a qual, ocorre, no plano social e humano, a unificação e integração cada vez maior dos indivíduos, num panorama progressivo expresso por um movimento de socialização. Ainda na Física, temos o Princípio Antrópico, que estabelece  que "a natureza é primorosamente ajustada para a possibilidade de vida no planeta Terra: se a força gravitacional fosse reduzida ou aumentada em 1%, o Universo não se formaria; por uma minúscula alteração na força eletromagnética, as moléculas orgânicas não se uniriam. Nas palavras do físico Freeman Dyson, parece que o 'Universo sabia que estávamos chegando'. O Universo não se assemelha a um lance de dados aleatório. Parece pura e simplesmente proposital”
Finalmente, faço referência à Lei Moral, objeto de reflexão pelo consagrado autor C.S.Lewis, em seu livro “Mero Cristianismo”, onde registra que “há dois tipos de Lei em operação: Lei Física é a Lei da Ação, e, a Lei Moral é a que determina a ação. A Lei Física é a lei da seqüência, da força, da imperiosidade automática. É, apenas, uma questão de causa efeito. Exclusivamente o ser humano está sujeito ainda a uma outra lei, Moral, a Lei da natureza humana, mas com uma grande diferença: um corpo material não pode escolher se obedece ou não à lei da gravidade, ao passo que o homem pode escolher se obedece ou não à lei da natureza Humana. É a regra do certo e do errado: existe um certo e um errado, reais e objetivos. A Lei Moral opera, apenas, na área do livre-arbítrio,  expressão usada para significar a vontade livre de escolha, as decisões livres. É a Lei da inteligência, da liberdade, da escolha responsável. Opera com base na persuasão, e não na coerção. Ela não obriga ninguém a nada, mas apresenta à razão humana os valores que devem ser preferidos, e as conseqüências das opções feitas. Ela opera através de motivações e governa por meio da razão.”
Todas estas leis e princípios, ainda me fascinam, como modelos para explicar resumidamente, como os fatos da realidade se relacionam; “propiciam também um caminho pelo qual nos situamos, e definimos as nossas responsabilidades no mundo, em função daquilo em que cremos, e por quê”. Particularmente, vejo em todas estas sínteses, as marcas mais profundas, deixadas por um Criador, passíveis, então, de serem também encontradas sob as lentes competentes da Ciência, destacando ainda a singularidade e importância conferida a nossa criação.