Na vida estudantil, e já vão
muitos anos, sempre tive fascinação pelas grandes sínteses, tais como as Leis
da Física, poucas e supersintéticas, consistentes, e de aplicação geral,
capazes de explicar uma infinidade de fenômenos que interagem, e, bem assim,
interligam coisas aparentemente tão distintas, como força, movimento, matéria, energia, e consciência. É como estivesse atingindo o essencial, de cada coisa,
de cada fenômeno. Assim, na Física temos as leis da
Mecânica, de Newton, que explicam o movimento dos corpos, e as relações destes com as forças, causas
destes movimentos. Por estas leis, entendemos a dinâmica do Universo, e, em particular,
o movimento do nosso sistema solar,
consoante a lei de atração entre
dois corpos celestes, e que se traduz
na gravidade, quando envolve nosso
planeta Terra. Posteriormente Einstein, relativizou
alguma dessas leis, e estabeleceu, genialmente, a famosa relação entre matéria e energia. Destaco ainda o princípio
da conservação de energia (a
energia pode ser transformada de uma forma em outra, mas não pode ser criada
nem destruída), e, o princípio da entropia crescente (que mede a
degradação natural das formas de energia em calor). Num Universo como tal, a
ordem é o menos provável e o caos o mais provável.
Ocorre que “enquanto o Universo como um todo, tende a
deteriorar-se, existem,entretanto, enclaves locais, cuja direção parece ser
oposta, e nos quais há uma tendência limitada e temporária ao incremento da
organização. A vida encontra seu habitat em alguns desses vínculos”. Para um cientista
contemporâneo, expoente da Física Quântica, “a vida parece ser dotada de um
comportamento bem ordenado e regrado, não exclusivamente baseado na tendência
desta, de passar da ordem para a desordem, mas antes, baseado parcialmente em
uma ordem existente que é mantida, e assim escapar do decaimento da entropia”. Este
é também o pensamento compartilhado por Teilhard
de Chardin ( 1881 — 1955), padre jesuíta,
teólogo, filósofo, e paleontólogo francês, que buscou construir uma visão
integradora entre ciência e teologia. Para Chardin, a “consciência”
substitui a entropia, no seu valor de função física essencial do cosmo, e, a “energia espiritual”, substitui a
energia material. E formulou, então, uma relação
entre esta “energia espiritual” e a consciência,
uma espécie de lei da vida: “o mundo desenvolve-se no
sentido de uma crescente complexidade. Este aumento de
complexidade externa associa-se, nas últimas fases do processo evolutivo, a um
aumento correspondente da consciência. E,
ainda uma lei de socialização, segundo a qual, ocorre,
no plano social e humano, a unificação e integração cada vez maior dos
indivíduos, num panorama progressivo expresso por um movimento de socialização. Ainda
na Física, temos o Princípio
Antrópico, que estabelece que "a natureza é primorosamente ajustada para a
possibilidade de vida no planeta Terra: se a força gravitacional fosse
reduzida ou aumentada em 1%, o Universo não se formaria; por uma minúscula
alteração na força eletromagnética, as moléculas orgânicas não se uniriam. Nas
palavras do físico Freeman Dyson, parece que o 'Universo sabia que estávamos
chegando'. O Universo não se assemelha a um lance de dados aleatório. Parece
pura e simplesmente proposital”
Finalmente, faço
referência à Lei Moral, objeto de
reflexão pelo consagrado autor C.S.Lewis, em seu livro “Mero Cristianismo”,
onde registra que “há dois tipos de Lei em operação: Lei Física é a Lei da
Ação, e, a Lei Moral é a que determina a ação. A Lei Física é a lei da
seqüência, da força, da imperiosidade automática. É, apenas, uma questão de
causa efeito. Exclusivamente o ser humano está sujeito ainda a uma outra lei,
Moral, a Lei da natureza humana, mas com uma grande diferença: um corpo
material não pode escolher se obedece ou não à lei da gravidade, ao passo que o
homem pode escolher se obedece ou não à lei da natureza Humana. É a regra do certo e do errado: existe um
certo e um errado, reais e objetivos. A Lei Moral opera, apenas, na área do
livre-arbítrio, expressão usada
para significar a vontade livre de escolha, as decisões livres. É a Lei
da inteligência, da liberdade, da escolha responsável. Opera com base na
persuasão, e não na coerção. Ela não obriga ninguém a nada, mas apresenta à
razão humana os valores que devem ser preferidos, e as conseqüências das opções
feitas. Ela opera através de motivações e governa por meio da razão.”
Todas
estas leis e princípios, ainda me fascinam, como modelos para explicar resumidamente,
como os fatos da realidade se relacionam; “propiciam também um caminho pelo
qual nos situamos, e definimos as nossas responsabilidades no mundo, em função
daquilo em que cremos, e por quê”. Particularmente, vejo em todas estas sínteses,
as marcas mais profundas, deixadas por um Criador, passíveis, então, de serem também
encontradas sob as lentes competentes da Ciência, destacando ainda a
singularidade e importância conferida a nossa criação.
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