Uma previsão feita há
mais de 2.000 anos, descreve assim nossos dias: “haverá homens amantes de si mesmos,
avarentos, presunçosos, soberbos, blasfemos, desobedientes a pais e mães,
ingratos, profanos, sem afeto natural, irreconciliáveis, caluniadores,
incontinentes, cruéis, sem amor para com os bons, traidores, obstinados,
orgulhosos...”.
Eventualmente alguns,
com estas disposições bem latentes na alma, encontrando oportunidades propícias,
tornam-se corruptos, com destaque para as instâncias onde ocorre maior
concentração de poder, envolvendo, dentre outros, o meio político, a alta administração pública, e o seleto
grupo do alto empresariado do País, como aqueles tristemente famosos da “Operação Lava-jato”.
Na mesma linha, “na cultura midiática brasileira, a Lei da
Vantagem ou Lei de Gérson é
um princípio em que determinada pessoa ou empresa deve obter vantagens de forma
indiscriminada, sem se importar com questões éticas ou morais (princípio
seguido por uma parcela de agências e publicitários, que recebem pagamento por
anúncios ou premiações pelo trabalho realizado, mas não querem se
responsabilizar caso o efeito da divulgação cause transtornos ou danos,
eximindo-se de culpa e a transferindo para o anunciante ou para o público). A
"Lei de Gérson" acabou sendo usada para exprimir traços bastante
característicos e pouco lisonjeiros do caráter midiático nacional que passa a
ser interpretado como caráter da população, associados à disseminação da
corrupção e ao desrespeito a regras de convívio para a obtenção de vantagens.”
Também aquilo que se
apelidou de “ética de conveniência”, muito
em uso entre políticos conhecidos por “ficar em cima do muro”, e
deliberadamente relativizar a verdade. Olhando por esta ótica parece não haver
remédio, e, a corrupção é mesmo endêmica, apenas uma questão de chance.
Em artigo publicado na
Ultimato jul-ago 2013, intitulado “A
corrupção: causas e reações”, o renomado sociólogo cristão Paul Freston, comenta
algumas causas da corrupção e como mitigá-las, do qual destacamos: “A corrupção do pecado é um estado teológico
geral: está em todos nós e em todas as instituições... A corrupção se relaciona
com as instituições, mas também com a cultura e as características das
lideranças.... É impossível chegar à “corrupção zero”, porque existe a
corrupção por necessidade e a corrupção por ganância. O governo pode combater a
corrupção por necessidade com salários mais altos, porém o corrupto por
ganância continuará corrupto mesmo com o salário mais alto do mundo (vide
nossos Dirigentes corruptos da Estatal)...
A corrupção quase nunca tem causa única. Por isso é necessário combatê-la em
várias frentes ao mesmo tempo e durante muito tempo. Algumas medidas anticorrupção
afetam as políticas e as prioridades do Estado... Algumas medidas que são
aconselháveis no combate à corrupção são consideradas desaconselháveis por causa
da ideologia do governo ou de outras prioridades adotadas por ele. Nem sempre a
escolha é simples. Às vezes é necessário negociar para se adotar uma medida que
reduza a corrupção, mas que, ao mesmo tempo, pode trazer prejuízos políticos.”
Em outro artigo da mesma
revista Ultimato, de julho/agosto 2015, a ex-senadora Marina Silva, pondera sobre o sentimento afim, de ânsia por
visibilidade, e destaca “reconhecer o
trabalho e a atitude de pessoas que atuam sem alarde e persistem na
integridade, no respeito, no compromisso é um importante aprendizado... Ansiosa
busca por visibilidade e status é marcante em todos os ambientes de vida social
em nossos dias. Na política e na gestão públicas essa ansiedade tóxica
obscurece os fundamentos de todo serviço: a humildade e a disponibilidade para
o outro. É nas menores transformações, nas melhorias de pequenas parcelas
cumulativas, que podemos pacientemente produzir um resultado significativo ... Precisamos
não de visibilidade espetacular, mas de firmeza de propósito e fidelidade a
valores por parte dos que trabalham no serviço público em favor do bem comum,
em lugar do querer se dar bem. É importante que aprendamos a reconhecer e a dar
sequência ao trabalho e à atitude das pessoas que, em diversas posições na
sociedade, trabalham sem alarde e persistem na integridade, no respeito ao
outro, no compromisso ao que foi decidido. Desses singelos frutos colhidos no
cotidiano de pessoas e povos é que nascerão as mudanças sociais, políticas,
culturais e econômicas das nações. A dignidade espiritual desde as pequenas
coisas, na humildade do serviço mais simples, é a base da elevação de todos.”
Na escala das
realizações individuais, são muitos os exemplos cotidianos, de anônimos, sem quase
visibilidade, que mostram uma outra realidade, do dia-a-dia do homem comum, vocacionado
para o trabalho honesto, que lhe rende o pão de cada dia, seja no emprego com
carteira assinada, seja na prestação de serviço avulso, desde o mais simples trabalhador
ambulante pedindo por algum serviço que possa realizar - em vez de pedir
esmolas – ou o professor abnegado de uma longínqua escola pública no interior, improvisando
com parcos recursos, facilidades didáticas para quem não tem acesso, e, bem
assim, as mais diversas iniciativas de voluntários engajados na promoção do próximo,
etc.
Finalmente, o conselho
consequente do apostolo Paulo, numa carta ao seu discípulo Timóteo, em relação
ao prognóstico mencionado no inicio: “Sabe, porém, isto: que nos últimos dias
sobrevirão tempos trabalhosos. Porque haverá homens amantes de si mesmos, avarentos, presunçosos, soberbos,
blasfemos, desobedientes a pais e mães, ingratos, profanos, Sem afeto natural,
irreconciliáveis, caluniadores, incontinentes, cruéis, sem amor para com os
bons, Traidores, obstinados, orgulhosos,
mais amigos dos deleites do que amigos de Deus, Tendo aparência de piedade,
mas negando a eficácia dela. Destes
afasta-te”. 2 Timóteo 3:1-5
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