quinta-feira, 7 de março de 2013

PRIMAZIA DA AÇÃO


Luz, câmera, ação ! assim funciona o Cinema; depois de um planejamento elaborado, segue-se a ação. Na vida real, contudo, temos muita dificuldade em nos transpor do conhecimento para a ação, destacando, nesta oportunidade, aquilo que consideramos como boa intenção. É verdade que esta é uma realidade mais pronunciada em nossa civilização ocidental, que privilegia a observação objetiva – base do pensamento dito racional -  em detrimento da ação concreta.
Um fazer para ser. Bem diferente, na matriz do pensamento oriental, vai-se da ação para o conhecimento. Neste, somos convidados a agir (a passar do pensamento a ação) antes de sermos convidados a pensar mais e mais; “somos estimulados a fazer mais do que compreendemos, para poder compreender mais o que se faz. Viver corretamente é um caminho para refletir corretamente. É nas ações que o homem toma consciência sobre o que sua vida é verdadeiramente. É quando usa a sua vontade, e não a reflexão, que ele encontra seu próprio ser, como ele é, não como gostaria que fosse. Se a filosofia pergunta o que é existir? o que significa ser? Por esta vertente se pondera: o que é realizar? o que significa fazer? qual é a relação entre quem faz e o feito? existe um propósito a ser cumprido em todos os momentos, uma tarefa a ser realizada? “. Afinal, não podemos esquecer que somos conhecidos pelo conjunto dos atos que realizamos, e não propriamente por aquilo que gostaríamos de ser.
Muita informação e pouca ação. Voltando à nossa realidade, diariamente, somos inundados por uma avalanche de informações, algumas, poucas, reais boas novas. Assim recebemos mensagens edificantes, mormente através das redes sociais, onde os amigos compartilham insights que certamente também lhes impactaram, dentre os quais, por sua vez, selecionamos um ou outro, que nos sensibilizaram mais, e, que, eventualmente intencionamos também experimentar. Aqui queremos destacar as “boas novas”, como uma forma de conhecimento que pode nos inspirar uma mudança de atitude e/ou ação proativa. É fácil constatar porém, que mesmo estas, muitas vezes morreram na praia das boas intenções, por assim dizer; vindo obrigações inadiáveis, caíram no esquecimento.
Uma ilustração das diferentes reações que podemos ter, compara-nos com diferentes tipos de solo onde é plantada a semente da boa nova: uma parte é semeada em meio a pedregulhos, onde não há terra bastante, e logo nasce, porque não tem terra funda; mas, vindo o sol, queima-se, e seca-se, porque não tem raiz. Esse é aquele que a ouve, e, instantaneamente a recebe com grande entusiasmo, mas ela não cria raízes, e, então quando aparece alguma dificuldade, ou quando passa o entusiasmo inicial, o assunto é esquecido, e não sobra nada. Outra parte das sementes cai no meio de espinheiros, e os espinhos crescem e sufocam-na. Este é o que ouve a boa nova, mas é vencido pela preocupação e pela ilusão de manter o que tem, e, de ganhar mais; a boa nova é sufocada, e não deixa memória. E, outra parte, cai em terra boa. Este é aquele que passou da superficialidade do mero entusiasmo inicial, e acolheu o assunto no solo profundo do coração, e, então converteu-o  em ação proativa; e, produz frutos: uns poucos, aproveitam cem por cento, outros menos, e, outros menos ainda; mas, de todo modo, valeu a pena!.”(versão adaptada da parábola do Semeador).

P.S. Versão original da “Parábola do Semeador”, contada por Jesus para ilustrar a boa notícia (Evangelho) da chegada do “Reino de Deus”,e as diferentes reações dos ouvintes:
“Eis que o semeador saiu a semear.E, quando semeava, uma parte da semente caiu ao pé do caminho, e vieram as aves, e comeram-na;E outra parte caiu em pedregais, onde não havia terra bastante, e logo nasceu, porque não tinha terra funda;Mas, vindo o sol, queimou-se, e secou-se, porque não tinha raiz.E outra caiu entre espinhos, e os espinhos cresceram e sufocaram-na.E outra caiu em boa terra, e deu fruto: um a cem, outro a sessenta e outro a trinta”. 
E, a sua explicação, dada pelo próprio Jesus:
“Ouvindo alguém a palavra do reino, e não a entendendo, vem o maligno, e arrebata o que foi semeado no seu coração; este é o que foi semeado ao pé do caminho.O que foi semeado em pedregais é o que ouve a palavra, e logo a recebe com alegria;Mas não tem raiz em si mesmo, antes é de pouca duração; e, chegada a angústia e a perseguição, por causa da palavra, logo se ofende;E o que foi semeado entre espinhos é o que ouve a palavra, mas os cuidados deste mundo, e a sedução das riquezas sufocam a palavra, e fica infrutífera;Mas, o que foi semeado em boa terra é o que ouve e compreende a palavra; e dá fruto, e um produz cem, outro sessenta, e outro trinta.” 

Um comentário:

  1. Miguel Mitre : Quanto ao destaque dado às "boas novas" seria interessante refletirmos no quanto dependemos do Espírito Santo para operar eficazmente a mudança de atitude e/ou ação proativa que o conhecimento nos inspira.

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