A idéia de ação.
“Uma ação é um
certo tipo de coisa que uma pessoa pode fazer. Em geral, não se considera que haja
ações feitas por objetos inanimados, como o sol, que brilha, mas sem intenção.
Por outro lado, pode-se considerar que um ser humano age, mesmo quando não tem
uma intenção específica”. A tragédia de
uma ação repetitiva e sem sentido. “Sísifo, é uma personagem da mitologia
grega, condenado a repetir sempre
a mesma tarefa de empurrar uma pedra de uma montanha até o topo, sendo que,
toda vez que estava quase alcançando o topo, a pedra rolava novamente montanha
abaixo, até o ponto de partida, por meio de uma força irresistível”. A imagem
trágica que podemos formar evoca o inferno em que pode se encerrar uma vida
circunscrita a uma ação repetitiva, sem sentido.
Um sentido para nossas ações
de cada dia – renovação e progresso. Renovar é fazer nova cada
oportunidade, e, neste sentido, não existe, a mera repetição; e, progresso indica a existência de um
sentido de melhorar, a cada dia. A busca, de renovação e de progresso dá sabor e qualidade de vida, e, são como
bussolas para orientar nossas ações. Diz
o sábio que “vivemos
mais plenamente, na medida em que caminhamos voltados para o dia de amanhã.
Cada dia que passa, somos os mesmos; mas é estupendo pensar que estamos
chamados a estreiar algo cada manhã. É o fato da novidade o que depara ao
futuro seu fascinante atrativo; o que carrega de ilusões as baterias de nosso
espírito. E, sem embargo, não basta com querer ou desejar o novo; é mister
mostrar que o novo é possível e que tem um fator capaz de produzi-lo. Mais
ainda, para que o novo apareça, há que trabalhá-lo. Não cruzar-se os braços e
esperá-lo passivamente. A evolução tem suas próprias leis, mas talvez, a mais
importante seja a do trabalho e a do progresso. Somos chamados a progredir,
trabalhando; isto é, Deus nos pôs aqui com inteligência e duas mãos, para irmos
transformando a nós mesmos, e ir, pouco
a pouco, transformando o mundo em que vivemos. E à medida que construímos o
mundo, o empurramos para o futuro.” Por oportuno, aprendemos,
com a Revelação de Deus nas Escrituras, que também no Céu também haverá progresso,
em conhecimento, em amor, e em alegria. Em cada estágio do desenvolvimento
espiritual encontramos uma glória mais profunda. Assim pois, vamo-nos tornando
mais e mais gloriosos em nossos próprios seres. Um bom ingrediente para nossas ações:
temperá-las com bom humor. Afinal, “a vida é bela”, e, mesmo nas piores
circunstâncias, “o humor ainda
pode encontrar motivo para sorrir, que é a mensagem do comovente filme de mesmo
nome. Já se disse que o humor é o revés do amor. Graças a este humor, que
sempre podemos converter em amor, a vida pode desfrutar-se e até, em ocasiões,
suportar-se. Há anciãos alegres, otimistas, que distribuem generosamente
sabedoria e bom humor. E, há jovens, que levam a vida como velhos com as
ilusões congeladas, a esperança abaixo de zero, e a alma enrugada.
O valor transcendental
das nossas ações. Um dos pensamentos que muito
me impactou desde a juventude, e, que
sempre trago à memória, é o comentário do padre e paleontólogo Teilhard
Chardin, à recomendação do Apostolo Paulo de que “tudo que fizerdes, fazei-o em nome de Nosso Senhor Jesus Cristo”;
o que implica dizer, fazei-o muito
bem feito, com todo o coração. Ele então considera uma solução incompleta a
interpretação de que “a ação humana vale, e só vale pela intenção com que é feita!.
E pondera: “no seio do nosso Universo,
toda a alma é para Deus, em Nosso Senhor. Mas, por outra parte, toda a
realidade, mesmo material, à volta de cada um de nós, é para a nossa alma. E,
agora, ajuntamos nós, no nosso Universo, onde todo o espírito vai para Deus, em
Nosso Senhor, todo o sensível, por sua vez, é para o Espírito”.
Quando
chega a terceira idade, e, a aposentadoria. O assunto torna-se mais objeto de atenção por ocasião da
chegada da terceira idade, e da esperada aposentadoria. Uma
das ameaças/oportunidades na perspectiva da aposentadoria, é sobre o que vamos
fazer doravante. E, um cenário comum é a falsa idéia de que já não se tenha o
que fazer, que pode também estar associado com o medo de que venha a faltar
meios de manter um padrão de vida salutar. Equacionado esta questão, remanesce
o problema do ócio compulsório, indesejado. São conhecidos as estatísticas dos
que adoecem, e, não raro, podem ter a vida encurtada, pelo sentimento de
inutilidade, de mesmice, quando suas ações já não têm qualquer valor de
mercado, por assim dizer. Fomos assim ultrapassados e substituídos no jogo da
vida. A questão de fundo, é que não existiria mais perspectiva de progresso
doravante, este sim um grande mal. Voltando ao autor inspirado em quem nos
baseamos: “A
vida é uma realidade continua, na qual vamos acumulando saberes, experiências,
habilidades. E também, virtudes e vícios. Há jovens velhos, e há anciões muito
jovens. Cada instante vivido com intensidade é um presente de Deus. Teríamos
que dar graças por cada dia que amanhece, pelo cansaço acumulado e pelo sono
reparador de cada noite. Viver a vida,
em cada instante e em cada momento, com a ilusão de que sempre tem algo que
estreiar. Fazer planos para o amanhã, ainda que já se tenha mais de 90 anos. E
dar sempre graças a Deus, já que a vida
é um dom. Urge, não obstante, ir reparando as goteiras que vão aparecendo no
edifício de nosso corpo; e, também, do nosso espírito, que as vezes tanto
descuidamos.” E,
finalmente, envelhecer é ir-se desprendendo lentamente de toda carga inútil; é
aprender a viver com pouco; é submergir-se no essencial; é quedar-se com o
imprescindível atuando. Envelhecer é volver a viver na recordação do já vivido;
é mostrar com um sorriso as cicatrizes do passado. Envelhecer é voltar a
desfrutar com um livro já lido, e reler e reler, sempre com renovado
entusiasmo, os quatro ou cinco livros que sempre nos tocaram mais. Envelhecer é
reconciliar-se com tudo: com o corpo que
dói, com a alma insatisfeita, com a cruz de cada dia. Envelhecer é gritar menos,
deter a pressa,... é toda uma escola de vida. Envelhecer é dar graças por haver
chegado.
(textos de “El arbol de La cruz”, de Eduardo de La
Hera)
Nenhum comentário:
Postar um comentário