Estamos vivenciando em nosso
País, um momento diferente, provocado pelos movimentos pacíficos das ruas, em
protesto contra uma situação injusta que nos assola desde há muito, e, que
chegou a limites que já não dá mais para agüentar calados, no contexto
sócio-econômico-político atual do País. Certamente que faz parte da luta de
cada um, apoiar reivindicações justas contra quem de direito, repudiar a
prática contumaz da corrupção desavergonhada, escancarada pelos desmazelos dos
serviços públicos de baixa qualidade, quando não ausentes, pela falência de
instituições políticas absurdamente corruptas, e, que mais do que uma simples
onda do momento, são um grito de basta! Para esta luta, também sinto-me
convocado.
Fortalece-nos lembrar que a luta,
e não o descanso, é a nossa condição básica, em um mundo onde há dor e
sofrimento. Onde ainda nos assombra a prepotência dos maus – que, não obstante,
prosperam, e ensejou que um autor de salmos bíblicos elevasse seu
questionamento ao próprio Deus - bem como as doenças e privações, e, os reveses
coletivos provocados pelos desastres naturais que, não raro, culminam na morte,
mormente dos desafortunados.
Destacamos aqui, a luta no âmbito
das estruturas viciadas da sociedade,
onde prolifera a erva daninha da corrupção.
Por oportuno, a revista Ultimato em sua edição de julh-ago 2013, traz como
artigo de capa “Corrupção ...”, do qual destaco: “um índice mundial para medir o nível de corrupção de uma nação,
fornecido pela ONG Transparência Internacional, que indica o grau de corrupção
entre os funcionários públicos e políticos, em 2012, dava ao Brasil o 69º
lugar, com o índice 43, em que 100 indica ausência de corrupção.” E, “por volta do ano 60 da era cristã, um homem
chamado Tiago (um dos discípulos), que se apresenta como servo de Deus e do
Senhor Jesus Cristo”, escreveu uma carta a “todo o povo de Deus espalhado pelo
mundo inteiro”. A braveza com que ele trata os ricos corruptos é visível. ... A
acusação de Tiago naturalmente inclui os inocentes que são mortos por falta de
socorro da parte dos mais ricos e poderosos, por falta de consciência social e
da ação prática e urgente do governo, da sociedade e da igreja. Por causa da
ganância dos ricos e da omissão das instituições, as crianças morrem de fome e
frio, os jovens morrem jovens e não na meia-idade, os de meia-idade morrem na
maioridade e não na velhice. Os ricos
corruptos sempre diminuem a longevidade dos mais pobres por absoluta ausência
de consciência social!”.
Cabe lembrar, que, na realidade, nossa frente de luta é muito mais ampla; compartilho
da crença de que nossa batalha,
diária, desenvolve-se: no mundo (contra as ameaças
do meio em que se vive, onde se incluem a opressão das estruturas viciadas da
sociedade, e as catástrofes na Natureza); na dimensão pessoal, interior (contra
a carne enquanto inclinação natural
de nosso ego corrompido, cujas obras mais evidentes são, imoralidade sexual, impureza e libertinagem, idolatria e feitiçaria,
ódio, discórdia, ciúmes, ira, egoísmo, dissensões, facções e inveja,
embriaguez, orgia e coisas semelhantes); e, na dimensão do mundo espiritual
(contra as investidas das potestades do
ar, personalizadas no Diabo e seus Anjos caídos, no campo de batalha pelo
controle da nossa mente, e a ameaça da morte como o último destes inimigos a
ser vencido).
Há que se considerar ainda a dimensão transcendental do mal. Significa
dizer que existe uma raiz mais profunda, comum a todas as frentes de luta,
anteriormente mencionadas, e assim, subjacente também às situações de opressão
e injustiça, e, que se consubstancia na realidade do mal. E, para nós cristãos,
se coloca o questionamento, de que, se o Criador é tão bom e poderoso, como
então se explica a existência deste mal enraizado e disseminado por toda a Sua Criação?
Sabemos pelos relatos bíblicos que tudo foi originalmente criado bom ! assim o
homem, o mundo natural, e, podemos deduzir, os seres celestiais. Somos
informados também de uma revolta envolvendo alguns Anjos, e, que oportunamente,
seduziu, enganou, e fez o homem pecar
(a palavra “Pecado” é um termo comumente
utilizado em contexto religioso, descrevendo qualquer desobediência à vontade
de Deus; em especial, qualquer desconsideração deliberada das Leis Divinas)
introduzindo em nosso meio o mal, que contaminou também o mundo natural.
Remanesce a questão: porque existe então o mal? qual é afinal a origem primeira
do mal? Refletindo sobre o assunto, o consagrado autor Christopher Wright, em
seu livro “O Deus que eu não entendo”, pondera, de forma bem fundamentada, que
“Deus revelou a nós uma grande quantidade
de verdades na Bíblia – sobre si mesmo, sobre a criação, sobre nós, nosso
pecado, o plano da salvação, o Evangelho de nosso Senhor Jesus Cristo, o
destino futuro do mundo e assim por diante.” Mas, constata que ocorre “o silêncio da Bíblia sobre a origem
definitiva do mal... A verdade é que Deus escolheu, em sua sabedoria, não nos
dar respostas para nossas perguntas sobre a origem definitiva do mal dentro da
criação... Então, quero me habituar com o entendimento de que o Deus que eu não entendo, escolheu não explicar a origem do mal; em
vez disso, escolheu chamar minha atenção para aquilo que Ele tem feito para
lutar contra o mal e destrui-lo”. Não obstante,” há algo sobre o mal moral e espiritual que pode ser explicado – isto é,
que muito dele está, de alguma forma, relacionado (direto ou indiretamente) com
a maldade e a corrupção humana.”
Concluímos com a letra da canção inspirada da Pastora Ludmila Ferber,
Nunca pare de lutar
O que vem pra tentar ferir
O valente de Deus
Em meio às suas guerras?
Que ataque é capaz
De fazê-lo olhar pra trás
E querer desistir ?
Que terrível arma é
Usada pra tentar paralisar
sua fé?
Cansaço, desânimo
Logo após uma vitória
A mistura de um desgaste
com um contra-ataque do mal
A dor de uma perda, ou a
dor da traição
Uma quebra de aliança, que
é raiz da ingratidão
Se alguém está assim,
preste muita atenção
Ouça o que vem do coração
de Deus:
Em tempos de guerra, nunca
pare de lutar
Não baixe a guarda, nunca
pare de lutar
Em tempos de guerra, nunca
pare de adorar
Libera a Palavra, profetiza
sem parar
O escape, o descanso, a
cura
A recompensa vem sem demora”
P.S. uma das principais formas de luta dos profetas é a
denuncia do mal.
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