Portadores da imagem
dos pais. Uma das grandes
alegrias da paternidade e maternidade, é que, doravante, em condições normais, os
filhos são portadores da imagem dos pais. Como tal algumas conquistas destes,
são até mais gratificantes que uma realização pessoal. Um testemunho pessoal, neste
sentido, comemoramos muito quando nosso filho passou no ITA, uma experiência
que havíamos intentado muitos anos atrás, sem todavia ter tido êxito. Também o mestrado
em engenharia na PUC de nossa filha, completou,
de certa forma, nosso mestrado em área afim, inconcluso à época por razões de
preciosismo e postergação na defesa da tese.
Esta imagem dos pais,
é o primeiro referencial no desenvolvimento da personalidade dos filhos. Do
ponto de vista dos filhos, a imagem dos pais provê um verdadeiro porto seguro
em meio às descobertas e desafios do dia-a-dia, mormente na etapa inicial da
vida, e, um fundamento sólido em que se apoiar doravante. Fomentada pela
desvalorização da família, a perda do referencial paterno/materno tem se
revelado uma das grandes tragédias da modernidade. Na sua falta, outros
referenciais, não tão confiáveis, como a televisão e o mundo, vão monopolizando
e conformando pessoas.
Portadores da imagem
de Deus, que também é Pai nosso. “Do ponto de vista da Bíblia, o significado da vida está
vinculado ao fato de sermos criados por Deus, à Sua imagem, e para Deus, com um
destino eterno. Isso muda radicalmente nossa percepção do que os seres humanos
são. Do contrário, andamos em direção ao que um filosofo chamou de “incoerência
autoreferencial.” O que ele pretendia dizer com essa expressão é que nos
comparamos a nós mesmos. Não temos
padrões externos pelos quais alguma coisa deva ser julgada; não podemos achar
uma âncora para nosso ser, em nenhum lugar. Por isso, mergulhamos em prazeres
temporários, ou na busca de dinheiro, ou na autopromoção, mas não temos uma
âncora que nos firma e nos dá um significado que esteja além de nós mesmos. Não
há nenhuma escala. Os seres humanos foram criados à imagem de Deus, e, como
portadores dessa imagem, devem ser abundantemente centrados em Deus”.
A falta que esses
referenciais fazem. “O Mundo hoje está cheio de
pessoas que sofrem de uma doença devastadora que Albert Camus chamou de absurdismo ( a vida é uma piada sem graça), e , de um mal que poderíamos chamar
de febre de Maria Antonieta, que disse que nada
tem gosto. Estes males destroem tudo na vida: tudo se torna ao mesmo tempo
um problema e um enfado, porque parece que nada vale a pena”. Também o “niilismo é a opinião de que a
vida não tem significado intrínseco ou objetivo. Muitos caminhos serpenteiam em
direção ao niilismo, mas nenhum é mais sedutor do que aquele que diz que os
seres humanos não são nada além de uma coleção de moléculas arranjadas de modo
útil, seres que surtiram por puro acaso da sopa primordial. Onde está o
significado em seres desse tipo?”
O que faz a vida valer
a pena. Para responder esta questão abrangente, cabe refletir
antes: “para que fomos feitos? que alvo devemos estabelecer para
nós mesmos na vida? qual é a melhor coisa na vida, que traz mais alegria,
prazer e contentamento que qualquer outra?”
Só assim podemos então responder de forma conclusiva: “o que faz a vida valer a pena é ter um objetivo
suficientemente elevado, algo que prenda a nossa imaginação e ao qual nos
dedicaremos fielmente, e, para o cristão não existe objetivo maior, mais alto e
mais motivador do que conhecer a Deus”. Ser feito à imagem e semelhança de
Deus, ser portador da imagem de Deus, inclui a capacidade de conhecer a Deus,
deleitar-se nEle. Conhecer Deus deve ser o
objetivo de todo cristão, um conhecimento pessoal, que vai muito além de
um conhecimento bom mas insuficiente sobre Deus. Este conhecimento se dá dentro
de um relacionamento que o filosofo Martin Buber consagrou com a expressão: “EU-TU”. Deus nos criou para sermos Seus
companheiros, alguém com quem se
relacionar, conversando - falando e escutando - como é próprio e natural entre
pessoas. “Fizeste-nos,
Senhor, para ti, e o nosso coração anda inquieto enquanto não descansar em ti”.
Santo Agostinho
Fontes:
“O Deus Presente”, de D. A. Carson, e, “O conhecimento de Deus”,
de J. I. Packer.
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