terça-feira, 9 de novembro de 2010

VIDA DE LEITOR COMPULSIVO


Confesso que sou viciado em leitura, desde bem jovem; como alguns, talvez como mecanismo de compensação, resultado de uma timidez excessiva; tudo bem, nesta altura, o que interessa são os resultados positivos, em detrimento dos negativos. Na condição de adicto de leituras, das quais basicamente me alimento, e, eventualmente, sou acometido de mal-humor, quando aumenta a falta de um bom livro para ler, lembro mesmo dos tempos idos de internato, quando usava a pouca mesada familiar, para comprar caixas de livros, daqueles que se desfaziam dos mesmos.
Neste ínterim guardo na memória como destaques:
O primeiro título mais desafiador que me impactou foi “O MEIO DIVINO”, de Teilhard de Chardin, com sua ênfase na valorização de todas nossas atividades e passividades (aquilo que sofremos).
Seguiu-se a obra de Herman Hesse com destaque para “SIDARTA”, “O LOBO DAS ESTEPES”, “O JOGO DAS CONTAS DE VIDRO”. Albert Camus (“A PESTE”, “A QUEDA”, “O ESTRANGEIRO”) com os conceitos vivenciais do Existencialismo. De Kafka (“CASTELO”, “METAMORFOSE”), o estranhamento da vida.
Dando um salto de muitos anos, encontro-me lendo tudo que diz respeito a Sócrates para quem “Uma vida que não é continuamente examinada é indigna de ser vivida”; e Só sei que nada sei”.
Entre os filósofos/teólogos, destaco Kierkegaard (“TEMOR E TREMOR”) que ilustra, com o caso de Abraão e Isaque, a complexa vivência da fé; C.S. Lewis (“CRISTIANISMO SIMPLES”) e a singularidade da dimensão moral do homem; Dietrich Bonhoeffer (“VIDA EM COMUNHÃO”, “DISCIPULADO”) e a responsabilidade social; a denúncia da “graça barata”; a vivência em coletividade, com acento no primeiro serviço de escutar, atentamente, uns aos outros.
Com viés psicológico, deslumbrei-me com Viktor Frankl (LOGOTERAPIA) enfatizando a sede humana de sentido da vida. O ser humano é essencialmente (ou pelo menos originariamente se move) motivado por uma vontade de sentido. De Jung guardei seu modelo de mapa da alma, tendo como destaque a idéia de inconsciente coletivo.
Do pensamento místico, ressalto os insights e as visões de Santa Tereza de Ávila (MORADAS); do rabino Joshua Heschel (“O HOMEM A PROCURA DE DEUS”, “DEUS A PROCURA DO HOMEM”, “THE PROPHETS”) sua abordagem da dimensão mística do homem, do senso da admiração, do sentido do inefável, da percepção do sublime, do significado da reverência e do sentido do mistério.
Correntemente estou imerso em conhecer tudo que se relaciona com o filosofo,cientista e inventor, Blaise Pascal (1623- 1662). “Em Física, estudou a mecânica dos fluidos, e esclareceu os conceitos de pressão e vácuo; realizou experiências sobre sons ; esclareceu os princípios barométricos da prensa hidráulica e da transmissibilidade de pressões. Na matemática Pascal contribuiu decisivamente para os ramos da Geometria Projetiva, Probabilidades, e Calculo Infinitesimal. Criou em 1642 a primeira calculadora mecânica que se conhece”. Estas credenciais de cientista renomado, acentuam e valorizam, sua vivência cristã. De sua obra “Os pensamentos” (cerca de 1.000 apontamentos em que faz a defesa do cristianismo) destacamos: “ O ser humano é marcado pela “contrariedade”, é um ser em perpétua contradição consigo mesmo; sua principal contradição é ser grande e miserável ao mesmo tempo. Nós conhecemos a verdade não somente pela razão, mas também pelo coração; O coração tem suas razões, que a própria razão desconhece". Pascal teve uma experiência marcante de conversão gravada como Memorial, que costurou em seu casaco, até o dia da sua morte. Considerado na linha de pensamento de Santo Agostinho (“CONFISSÕES”), sua obra influenciou Wesley fundador da Igreja Metodista.Tinha uma saúde frágil, e adoeceu gravemente em 1659 – ocasião em que redigiu uma vívida oração pedindo a Deus que use a enfermidade em sua vida de maneira apropriada - morrendo com apenas 39 anos. Tornou-se célebre seu argumento da aposta: depois de ponderar “que a impossibilidade de conhecermos a natureza de Deus, não implica a conclusão da sua inexistência, pondera ser igual o número de probabilidades a favor e contra a hipótese da existência de Deus. Fica assim aberta, para o homem, a mais importante das apostas; e assim como todo o jogador arrisca o certo para ganhar o incerto, também o homem arriscará um infinito certo para ganhar incertamente o infinito, sem pecar contra a razão. Quer dizer: agora é a própria razão, atida às regras lógicas do cálculo de probabilidades, que obriga a apostar na existência de Deus”.
Concluo com uma menção especial para releituras permanentes da BIBLIA, que é a minha meta e meu sonho ainda por realizar, plenamente, com o sabor de Palavra Viva de Deus, sob a iluminação do Espirito Santo, que também nos é dirigida ainda hoje.

2 comentários:

  1. De Miguel Mitre,

    O vício literário, pelas obras citadas, certamente produzirá excelentes resultados. É oportuno salientar que aquela referida com menção especial aconselha: "..provai tudo e retende o que for de bom". Parabéns.

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  2. Que você possa continuar fazendo as suas boas leituras por muitos e muitos tempos, para que possa nos brindar com bons textos como este.

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