segunda-feira, 19 de janeiro de 2015

ANO NOVO, O QUE MUDA? AFINAL, TUDO PASSA... E, O QUE PODEMOS LEVAR DO ANO QUE PASSOU ?


Com os primeiros dias de 2015 em curso, e os votos de boas festas de final de 2014, quase já deixados para trás, é oportuno também fazer um balanço sobre o que muda, com mais um ano de existência, mormente como membro da terceira idade, quando o tempo parece voar. Neste sentido anotei duas avaliações afins, publicadas na mídia recente, das quais destaco:
Da revista VEJA : “Envelhecer é uma arte?” (de Claudio de Moura Castro) – “Amadurecemos com a idade? Ou acumulamos azedumes e rabugices? Ficamos cada vez mais impacientes com a burrice humana? Ou mais bem blindados contra ela? Cada um é cada um. Entre 40 e 50 anos, bate um pessimismo, uma insegurança difusa. Caminhando pelas ruas, vemos logo que tem jeito de aposentado. Falta chispa nos olhos e o andar sugere que não quer chegar a parte alguma. Maslow percebia uma perda progressiva da motivação para fazer as coisas e lidar com desafios. Mais e mais empreitadas deixavam de valer a pena. Paulo Freire ponderou que envelhecer é perder a curiosidade. É o ocaso das faculdades mentais: degrada-se a memória, sobretudo a de curto prazo e a dos nomes e datas; o raciocínio matemático começa a derrapar. A boa notícia é que a capacidade de julgamento, a sabedoria , o espirito de finesse, mencionado por Pascal, não apenas sobrevivem, mas progridem. Comprovou-se que os velhos precisam ter menos para decidir sobre algum assunto, com igual competência. Sabemos também que a inteligência reage como um músculo. A qualquer idade, é fortalecida com exercícios e evapora com a inação. A letargia intelectual mata.”
Da revista ULTIMATO : “2015 – O primeiro ano do resto da sua vida” (Rubem Amorese). “Recém-aposentado, tenho pensado sobre como viver melhor os anos que me restam. E o que quer que eu decida, gostaria de começar em janeiro de 2015. Podemos reduzir os compromissos, as metas de produtividade, as avaliação de rendimento e coisas assim. Como viver melhor os anos que me restam? Aposentado, sem patrão, sem mais ter uma obrigação de trabalho, viver a vida que quisermos. Transformo minhas pesquisas, até aqui, em recomendações. Ainda genéricas, mas que têm guiado meus projetos para este ano: Pense em algo que você goste de fazer, ou que faria por amor. Ou por amar. Ou seja, não diretamente para ganhar dinheiro, prestigio ou coisa assim. Talvez para ganhar afeto e novas amizades. Pense em algo que beneficie, que abençoe pessoas. Individualmente ou em grupo. Algo que você doe a elas. Sem esperar retorno. Sem que elas possam lhe pagar. Pense em algo que promova a união entre todos, por laços afetivos, incluindo você. E que essa união seja gostosa e esperançosa...”
Há poucos dias de comemorar 67 anos, tais registros, me subsidiam, ao fazer um balanço pessoal do ano que passou, no qual percebo, no lado das perdas, necessidades de reparar ameaças crescentes, e, no lado dos ganhos, oportunidades de ampliar benefícios:
DO LADO DAS PERDAS perda de amizades, esfriadas pela distância, ou falta de contato, com destaque para a turma de engenharia (de 1970), colegas de trabalho (de 1970/2006), e irmãos em Igrejas onde congregamos em Recife, Rio de Janeiro, Brasilia e Curitiba; de motivação e de iniciativa, que nos faria mais proativo naquilo que estiver ao alcance, e que seja de natureza “honesta, justa, pura, amável e de boa fama”, tornando a vida mais solidária; tempo desperdiçado (o tempo que realmente conta é o tempo interno, do coração, e que diferentemente do tempo externo, dito objetivo, onde cada minuto é igualzinho a todos os demais, neste tempo, subjetivo, o que vale é a intensidade com que é vivido. Sobre esta diferença Charles Baudelaire ponderou:Dizem que tenho trinta anos. Porém, se tivesse vivido três minutos em apenas um minuto, não teria agora noventa anos?”. É também o tempo da consciência, do espírito, e que não passa, só se acumula ao longo da vida. Em contraposição “o tempo que sentimos estar passando é tempo perdido”.)
DO LADO DOS GANHOS:  acúmulo de experiência que se transforma em sabedoria compartilhada, como o prazer das coisas simples, e curtidas num ritmo mais  devagar; de paciência, inclusive para abrir mão do controle, dando mais atenção às iniciativas que não as próprias; de restauração da capacidade de admirar-se (natural na infância), com a atenção também voltada para as dimensões subjetivas da imaginação, do sublime, e do inefável, vis a vis o monopólio árido da razão objetiva e utilitária; de ocorrências, durante os sonhos, de lembranças prazerosas, trazendo de certa forma à vida momentos alegres de um passado distante, e até então esquecidos; de resignação, nesta altura da vida, na corrida da prosperidade, em detrimento de mais “ajuntamento de tesouros na terra, onde a traça e a ferrugem tudo consomem, e onde os ladrões minam e roubam...”;  de significado, ganho pela ação solidária nas áreas de educação cristã (na Igreja), e secular (reforço escolar em Instituição afim, de abrigo à crianças carentes), com o beneficio extra de exercitar neurônios preguiçosos; do renascimento da esperança de maior justiça social no País,  despertada pela ação corajosa, e, com aparente liberdade, do Ministério Publico, no combate à corrupção endêmica no País.
Ainda no lucro, contabilizo momentos comuns de deleite, na convivência familiar (e nada como o chamamento irresistível das netas!)  e com amigos;  nas leituras com novos insights enriquecedores, que ampliam nossa visão; nos filmes que tocam o coração; nos quilômetros acumulados com caminhadas diárias no Parque Barigui, e, que contribui ainda na manutenção dos indicadores de saúde; nas viagens, curtas e esporádicas, sem a sofreguidão do turista compulsivo, em cada esquina compras e flashes, para exibição no whatsapp, sem tempo para admiração presencial.
Destaque especial para um maior sentido da Presença de Deus sobre a qual Frei Lawrence escreveu: “E considero minha tarefa exclusiva perseverar na santa presença de Deus, onde me mantenho mediante pequenino esforço de atenção e um amoroso olhar, estabelecendo uma constante, silenciosa e secreta conversa de minha alma com Ele, o que frequentemente produz em meu íntimo, bem como no meu exterior, tão grande alegrias e arrebatamentos, que sou forçado a moderá-los para evitar que outros os observem”.

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