sábado, 21 de fevereiro de 2015

PORTADORES DA IMAGEM



Portadores da imagem dos pais. Uma das grandes alegrias da paternidade e maternidade, é que, doravante, em condições normais, os filhos são portadores da imagem dos pais. Como tal algumas conquistas destes, são até mais gratificantes que uma realização pessoal. Um testemunho pessoal, neste sentido, comemoramos muito quando nosso filho passou no ITA, uma experiência que havíamos intentado muitos anos atrás, sem todavia ter tido êxito. Também o mestrado em engenharia na  PUC de nossa filha, completou, de certa forma, nosso mestrado em área afim, inconcluso à época por razões de preciosismo e postergação na defesa da tese.
Esta imagem dos pais, é o primeiro referencial no desenvolvimento da personalidade dos filhos. Do ponto de vista dos filhos, a imagem dos pais provê um verdadeiro porto seguro em meio às descobertas e desafios do dia-a-dia, mormente na etapa inicial da vida, e, um fundamento sólido em que se apoiar doravante. Fomentada pela desvalorização da família, a perda do referencial paterno/materno tem se revelado uma das grandes tragédias da modernidade. Na sua falta, outros referenciais, não tão confiáveis, como a televisão e o mundo, vão monopolizando e conformando pessoas.
Portadores da imagem de Deus, que também é Pai nosso. Do ponto de vista da Bíblia, o significado da vida está vinculado ao fato de sermos criados por Deus, à Sua imagem, e para Deus, com um destino eterno. Isso muda radicalmente nossa percepção do que os seres humanos são. Do contrário, andamos em direção ao que um filosofo chamou de “incoerência autoreferencial.” O que ele pretendia dizer com essa expressão é que nos comparamos a  nós mesmos. Não temos padrões externos pelos quais alguma coisa deva ser julgada; não podemos achar uma âncora para nosso ser, em nenhum lugar. Por isso, mergulhamos em prazeres temporários, ou na busca de dinheiro, ou na autopromoção, mas não temos uma âncora que nos firma e nos dá um significado que esteja além de nós mesmos. Não há nenhuma escala. Os seres humanos foram criados à imagem de Deus, e, como portadores dessa imagem, devem ser abundantemente centrados em Deus”.
A falta que esses referenciais fazem. “O  Mundo hoje está cheio de pessoas que sofrem de uma doença devastadora que Albert Camus chamou de absurdismo ( a vida é uma piada sem graça), e , de um mal que poderíamos chamar de febre de Maria Antonieta, que disse que nada tem gosto. Estes males destroem tudo na vida: tudo se torna ao mesmo tempo um problema e um enfado, porque parece que nada vale a pena”. Também o “niilismo é a opinião de que a vida não tem significado intrínseco ou objetivo. Muitos caminhos serpenteiam em direção ao niilismo, mas nenhum é mais sedutor do que aquele que diz que os seres humanos não são nada além de uma coleção de moléculas arranjadas de modo útil, seres que surtiram por puro acaso da sopa primordial. Onde está o significado em seres desse tipo?”
O que faz a vida valer a pena.  Para responder esta questão abrangente, cabe refletir antes: para que fomos feitos? que alvo devemos estabelecer para nós mesmos na vida? qual é a melhor coisa na vida, que traz mais alegria, prazer e contentamento que qualquer outra?”  Só assim podemos então responder de forma conclusiva: “o que faz a vida valer a pena é ter um objetivo suficientemente elevado, algo que prenda a nossa imaginação e ao qual nos dedicaremos fielmente, e, para o cristão não existe objetivo maior, mais alto e mais motivador do que conhecer a Deus”. Ser feito à imagem e semelhança de Deus, ser portador da imagem de Deus, inclui a capacidade de conhecer a Deus, deleitar-se nEle. Conhecer Deus deve ser o objetivo de todo cristão, um conhecimento pessoal, que vai muito além de um conhecimento bom mas insuficiente sobre Deus. Este conhecimento se dá dentro de um relacionamento que o filosofo Martin Buber consagrou com a expressão: “EU-TU”. Deus nos criou para sermos Seus companheiros, alguém com quem  se relacionar, conversando - falando e escutando - como é próprio e natural entre pessoas. “Fizeste-nos, Senhor, para ti, e o nosso coração anda inquieto enquanto não descansar em ti”. Santo Agostinho


Fontes: “O Deus Presente”, de D. A. Carson, e, “O conhecimento de Deus”, de J. I. Packer.

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