sexta-feira, 20 de maio de 2016

O CÁRCERE DA PREOCUPAÇÃO



Conflitos e ameaças – presentes ou potenciais – estão entre as causas mais comuns de preocupação, gerando ainda medo, ansiedade, angústia, e, não raro, depressão. No seu enfrentamento, destacamos uma teoria científica e um ensinamento bíblico.
Consoante esta teoria, “um dos fatos mais importantes sobre o processo de construção de pensamentos é que não só o Eu lê a memória e os produz; há três fenômenos inconscientes que realizam a mesma tarefa: as janelas estruturais da memória, o gatilho da memória,  e  o autofluxo.Estes  três fenômenos são coadjuvantes, de maneira que o principal ator do teatro da nossa mente é, ou deveria ser, o Eu. Precisamos, não obstante, entender que os atores coadjuvantes cooperam uns com os outros na saúde e na doença.
 A TIM mostra que, sem os atores coadjuvantes, o Eu não se formaria, não saberíamos quem somos e nem nossa identidade, pois antes de o Eu ter consciência de si mesmo, precisa de milhões de pensamentos arquivados, produzidos pelos três coadjuvantes citados. Impõe-se então gerenciar os pensamentos, isto é, capacitar o Eu que representa a nossa capacidade consciente de decidir, para ser ator principal no teatro da nossa mente. Sair da platéia e dirigir o script da vida”.
A Teoria tem como pressuposto de que,tudo o que pensamos e sentimos é registrado automaticamente na memória, quer o desejemos ou não, isto é, o registro na memória independe do Eu; é feito inconscientemente (seu Eu não seleciona o que quer registrar).
Por sua vez, também, a memória humana não é lida globalmente, mas por áreas específicas a que chamo de janelas estruturais da memória. Não acessamos arquivos inteiros, como nos computadores, mas as janelas. A janela da memória é, assim, um território de leitura num determinado momento existencial. Através das janelas vemos, reagimos, interpretamos... Quantas vezes tentamos lembrar-nos de algo que não nos vem à idéia? Nesse caso, a janela permaneceu fechada ou inacessível. Algumas janelas são belíssimas, e, geram prazer, coragem, respostas inteligentes. Outras são doentias, geram ansiedade, ódio, desmotivação. Outras são neutras e contêm milhões de informações numéricas, endereços e dados.
Temos milhões de janelas no córtex cerebral. Em cada janela pode haver centenas ou milhares de informações e experiências agregadas. O maior desafio do ser humano é abrir o máximo de janelas em cada situação. Se ele abre diversas janelas, poderá dar respostas inteligentes. Se as fecha, poderá dar respostas inseguras, medíocres, estúpidas, agressivas. Somos mais instintivos e animalescos quando fechamos as janelas, e mais racionais quando as abrimos. O mundo dos sentimentos possui as chaves para abrir as janelas. O medo, a tensão, a angústia, o pânico, a raiva e a inveja podem fechá-las. A tranquilidade, a serenidade, o prazer e a afetividade podem abri-las.
O Eu tem muitas habilidades, mas além de não ter controle sobre registros na memória, não tem o poder de apagar os arquivos uma vez registrados automaticamente na memória. Ele desconhece, por exemplo, o endereço das janelas traumáticas no córtex cerebral, porque penetra na cidade da memória no escuro, sem mapa ou orientação espaço-temporal. Elas estão pulverizadas em múltiplos bairros do córtex cerebral.”
Como tratar da preocupação? compreender o funcionamento da mente, gerenciar os pensamentos, e usar certas técnicas especificamente desenvolvidas, constituem o objeto da TIM, tendo como uma das metas ajudar no processo de libertação do cárcere da preocupação.

A perspectiva bíblica. Escrevendo sobre “a preocupação, sua causa, e, sua cura”, D. Martin Lloyd-Jones afirma quea preocupação é uma entidade definida, uma força, e um poder. E nem teremos começado a compreender essa força a menos que percebamos que tremendo poder ela é. Muito mais do que uma atitude meramente negativa, como um fracasso de nossa parte ao fazer certas coisas, a preocupação é algo positivo, que chega a lutar conosco e a assumir o controle sobre nós. Trata-se de um gigantesco poder, de uma força ativa, e, se não nos conscientizarmos disso, sem a menor dúvida seremos derrotados por esse poder. Se essa força não puder nos forçar a nos sentirmos ansiosos, sobrecarregados e abatidos em face do estado e da condição das coisas com que nos defrontamos no presente, então ela dará esse passo seguinte, e transferirá a atenção para o futuro. O Nosso Senhor Jesus Cristo personalizou a preocupação, e a considerou um poder, quase uma personalidade que se apossa de você, e que, a despeito do que possa parecer, fica argumentando com você, apresentando uma razão após outra. E isso conduz o indivíduo àquela curiosíssima situação em que ele quase deseja não ser aliviado e libertado.
A verdade é que a atitude de preocupação se caracteriza por uma fértil imaginação, podendo imaginar toda a espécie  de possibilidades, e, com o seu tremendo poder e atividade pode transportar-nos para o futuro, para alguma situação que ainda espera à nossa frente. E então nos achamos preocupados, atribulados e subjugados por algo que é inteiramente imaginário.
Orientação aos crentes: na Biblia somos orientados “Não andeis ansiosos por coisa alguma”; não significa que jamais deveríamos pensar, sob hipótese alguma, e sim, que não nos devemos deixar vencer pela preocupação. Nos convém fazer aquilo que é certo, aquilo que é razoável, aquilo que é legítimo. Entretanto jamais deveríamos dedicar tão grande parcela de nossos pensamentos e cuidados a essas coisa, ficando tão preocupados com elas que cheguem a dominar-nos a vida, ou a limitar a nossa utilidade no presente. Esse é o ponto onde cruzamos a linha do pensamento e das cautelas razoáveis, para a ansiedade e a preocupação. De acordo com Nosso Senhor Jesus Cristo, a questão vital é não gastar cada dia de sua vida adicionando o grande total de tudo o que possa acontecer com você durante toda a sua permanência neste mundo. Por assim dizer, há uma cota diária de problemas e dificuldades na vida. Cada dia tem as suas próprias dificuldades,e, alguns desse problemas são permanentes, repetindo-se dia após dia, ao passo que outros variam. Todavia, o ponto fundamental é perceber que cada dia deve ser vivido por si mesmo, como uma unidade. Não seja insensato, não desperdice as suas energias, não gaste o seu tempo preocupando-se com aquilo que já passou, ou a respeito do futuro, que ainda nem chegou. Aqui está o dia de hoje; viva este dia no máximo de suas potencialidades.

A preocupação excessiva sempre envolve a falha de não aprendermos o bastante sobre nossa própria fé, e como aplicá-la. A fé não opera automaticamente. Podemos pensar na fé em termos de um homem que tem uma conversa consigo, a respeito de si mesmo e a respeito de sua fé. Assim como o salmista dialoga no seu íntimo: “por que estás abatida, ó minha alma? Por que te perturbas dentro de mim?”. É assim que conseguimos que a nossa fé se amplie. É necessário falarmos conosco a respeito de nossa fé. Você precisa cultivar a sua fé, dando-lhe criteriosa atenção. Finalmente, uma grande parte da fé, especialmente nessa conexão, consiste exatamente em recusar-se a aceitar pensamentos ansiosos. Ter fé significa recusar-se a pensar sobre coisas preocupantes, recusar-se a pensar sobre o futuro naquele sentido errado”.

2 comentários:

  1. Excelente reflexão tio! Principalmente nos dias que vivemos em nossa nação! Recentemente um missionário em sua pregação fez a seguinte afirmação: " a crise é a ferramenta que exercita a musculatura da nossa fé"
    Realmente precisamos confiar mais, mesmo diante das preocupações, descansarmos sabendo que o Senhor toma sobre si nosso fardo!
    Deus o abençoe e continue lhe inspirando!

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    1. Está explicado porque é a minha leitora n.1. Bjs do Tio

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